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Exército sírio disparou sobre manifestantes que iam ao encontro de observadores da ONU

O exército sírio abriu fogo sobre a multidão de largas centenas de pessoas que se juntaram na cidade de Homs para saudar uma equipa enviada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para averiguar a situação humanitária no país.

A visita destina-se a avaliar o resultado de cinco meses de violência e repressão contra os manifestantes que reclamam o fim do regime do Presidente Bashar al-Assad.

E pelo menos três pessoas morreram durante os disparos em Homs, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que identificou a presença de guerrilheiros leais ao Presidente, conhecidos como “shabiba”, entre os soldados.

Imagens transmitidas pela Al Jazira mostraram uma marcha de manifestantes empunhando cartazes onde se lia “SOS” à espera do grupo de observadores das Nações Unidas – mas as filmagens não incluíam os disparos, que terão acontecido posteriormente.

Em Genebra, a Alta Comissária para os Direitos do Homem, Navi Pillay, na abertura de uma reunião extraordinária daquele conselho da ONU, denunciou o “excessivo uso da força das forças de segurança contra os manifestantes”.

Considerou ainda que “a intenção e a natureza desses actos poderão configurar crimes contra a humanidade”. Segundo uma estimativa da ONU, mais de 2200 civis já foram mortos desde o início da contestação contra Assad, em Março.

Os 47 membros do conselho deverão votar hoje uma proposta de resolução que apela à “cessação imediata de todos os actos de violência contra a população” e defende o “envio urgente” de uma comissão de inquérito, internacional e independente, para apurar a extensão das “atrocidades” das forças governamentais sobre os manifestantes.

“As violações dos direitos humanos na Síria têm de ser investigadas e os seus autores têm de ser identificados, para que possam responder pelos seus actos”, sublinhou Navi Pillay.

A resolução conta com o apoio dos Estados Unidos, da União Europeia e dos quatro países árabes com assento no conselho – Arábia Saudita, Jordânia, Qatar e Kuwait.

O silêncio dos aliados árabes, ao fim de cinco meses de repressão, foi quebrado depois da ofensiva lançada por Assad durante o mês sagrado do Ramadão: grandes cidades como Hama, Latakia, Deir e al-Zor foram alvo de intenso bombardeamento desde 1 de Agosto, que provocou mais de 350 mortos.

“Temos alegações credíveis e provas documentais do uso de tanques de guerra, metralhadoras, granadas e atiradores furtivos contra manifestantes pacíficos. Civis inocentes estão a ser massacrados na Síria”, declarou a embaixadora americana Eileen Chamberlain Donahoe, ontem em Genebra.

“Há consenso e unidade entre os membros da comunidade internacional. É muito claro que Assad está isolado e têm de sair”, disse, repetindo o apelo à demissão do Presidente da Síria feito Barack Obama no domingo à noite.

Na resposta, Bashar al-Assad garantiu que o país não cederá à pressão externa, e avisou que “qualquer acção militar contra a Síria terá sérias e intoleráveis consequências”.

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