Disparos de artilharia e morteiros ecoaram, na manhã da Segunda-feira (30), por toda Aleppo, e um helicóptero militar zumbia sobre um bairro que o Exército sírio disse ter recapturado dos rebeldes em combates pelo controle da maior cidade do país.
Hospitais e clínicas improvisadas nas áreas controladas pelos rebeldes, na zona leste da cidade, estavam a encher de vítimas depois duma semana de combates em Aleppo, polo comercial que até então permanecia praticamente à parte da revolta contra o presidente Bashar al Assad, iniciada há 16 meses.
“Alguns dias recebemos cerca de 30 a 40 pessoas, sem incluir os corpos”, disse um jovem paramédico na clínica.
“Há alguns dias recebemos 30 feridos e talvez 20 cadáveres, mas metade desses corpos estava despedaçada. Não podemos saber de quem eram.”
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo de oposição com sede na Grã-Bretanha, disse que 18 foram mortas, Domingo (29), na região de Aleppo, num total de 150 mortas em toda a Síria, sendo dois terços delas civis.
Os rebeldes disseram que retêm o controle sobre o bairro de Salaheddine, apesar da ofensiva governamental. O governo, porém, disse ter expulsado os seus inimigos da região.
“O controle completo foi retirado dos pistoleiros mercenários”, disse um militar não-identificado à TV estatal síria na noite de Domingo. “Em alguns dias, a segurança vai voltar à cidade de Aleppo.”
A ofensiva militar repete a táctica usada em Damasco semanas atrás, quando o governo usou o seu esmagador poderio militar para eliminar os rebeldes bairro a bairro.
As forças de Assad estão determinadas a não perderem Aleppo, pois uma derrota nessa cidade seria um duro golpe estratégico e psicológico.
Mas os especialistas militares acreditam que os rebeldes estão mal armados e mal comandados para derrotarem o Exército. Os jornalistas da Reuters em Aleppo não foram capazes de chegar a Salahaddine, na manhã da Segunda-feira, para verificarem quem controla o bairro.
O Observatório Sírio disse que os combates prosseguiam. A guerra paralisou o habitual burburinho comercial nesta cidade de 2,5 milhões de habitantes.
Os mercados públicos funcionam, mas pouca gente faz compras. Mas multidões de homens e mulheres esperam quase três horas para comprar quantidades limitadas de pão subsidiado.
Os combatentes rebeldes, muitos deles de áreas rurais próximas a Aleppo, continuam no controle de partes da cidade, deslocando-se nelas com rifles e roupas camufladas.