Antigos guerrilheiros da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, ameaçam desencadear uma rebelião armada se os órgãos eleitorais não anularem os resultados das eleições gerais e provinciais da última Quarta-feira. Um grupo de exguerrilheiros, estimado em cerca de 300 homens, concentraram-se, Segundafeira, na sede provincial da Renamo e deram o prazo de 72 horas para os órgãos eleitorais anularem os resultados da votação de 28 de Outubro último.
Eles ameaçam, citados pelo jornal electrónico “Mediafax”, regressar as antigas bases da Renamo se a sua exigência não for satisfeita, Para iniciarem o que chamam de “rebelião armada contra o Governo da Frelimo”. Este tom de ameaças belicistas que já esta a causar um certo mal estar não só na província de Nampula, como em todo o país e no mundo em geral, teve início, semana passada, quando o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse, à sua chegada no Aeroporto de Nampula (Norte do país), que o país iria arder caso se confirmasse alegadas irregularidades que terão se registado na votação.
Este discurso viria a ser retomado no Sábado pelo delegado político provincial da Renamo em Sofala (Centro do país), Fernando Mbararano, que disse que os seus homens estavam preparados para dividir e governar a província de Sofala, caso as alegadas irregularidades eleitorais não fossem imediatamente corrigidas.
Os homens da Renamo, que ameaçam regressar as antigas bases localizadas nas regiões de Muecate, Namaita, Lalaua, Murrupula, Mogovolas e nas reservas de Mecuburi, disseram que não estavam interessados na aceitação ou não da sua decisão pela cúpula do partido e que agiam em consciência para defender o que chamaram de “democracia”.
O ambiente político e social na província de Nampula começa a ser de preocupação. Tudo por causa das constantes e insistentes ameaças de regresso às matas dos antigos guerrilheiros da Renamo em reacção aos resultados eleitorais da votação de 28 de Outubro, que se apresentam completamente desfavoráveis a Renamo e seu candidato presidencial, Afonso Dhlakama, em todos os círculos eleitorais.
Os insurrectos chegaram a acusar Afonso Dhlakama de “estar a comer com a Frelimo. Se não, ele então está a ser democrata demais”. O porta voz da Renamo naquela parcela do país, Arnaldo Chalawa, disse que esta decisão é a nível provincial, mas pode ser extensiva a todo o país, porque, segundo ele, os militantes estão revoltadas com as alegadas fraudes eleitorais, entretanto não provadas.
Face a estas ameaças, a Polícia moçambicana em Nampula revelou, Segunda-feira, que estava a terminar o processo de selecção de agentes que deverão seguir para as referidas bases para monitorar de perto os acontecimentos e manter a ordem e tranquilidade públicas. “A Polícia está a trabalhar no sentido de ver, “in loco”, o que está a acontecer porque, na verdade, recebemos as informações sobre a alegada intenção da ida de antigos guerrilheiros da Renamo às antigas bases”, disse Oliveira Maneque, porta voz da polícia em Nampula.