Um tribunal paquistanês indiciou judicialmente o ex-ditador militar Pervez Musharraf pelo assassinato da política Benazir Bhutto, em 2007, numa decisão sem precedentes que deve irritar os poderosos militares.
Os generais governaram o Paquistão durante mais de metade dos 66 anos de história independente do país, e o indiciamento do comandante militar que assumiu o poder num golpe em 1999 marca uma nova etapa na política local sob o comando do premiê Nawaz Sharif — o mesmo que foi derrubado por Musharraf há 14 anos.
Benazir, que foi primeira-ministra, morreu num atentado suicida em dezembro de 2007, após participar de um comício em Rawalpindi, perto do tribunal fortemente vigiado onde o indiciamento foi anunciado nesta terça-feira.
“Ele deve ser julgado”, disse o promotor público a jornalistas antes da rápida audiência em que as três acusações de homicídio, conspiração homicida e facilitação de homicídio foram lidas para Musharraf.
O caso rompeu uma regra não escrita segundo a qual os altos escalões militares são intocáveis no Paquistão. Musharraf, de 70 anos, chegou ao tribunal sem fazer declarações públicas, mas durante a audiência negou envolvimento na morte de Benazir, segundo relato de um advogado dele à Reuters.