O ex-chefe do Exército do Egito Abdel Fattah al-Sisi estava perto de conquistar uma vitória retumbante nas eleições presidenciais do país, esta quarta-feira (28), de acordo com os resultados parciais da votação.
A campanha de Sisi afirmou que o candidato havia recebido 93,4 por cento dos votos, com a apuração de 2.000 zonas eleitorais, enquanto que as fontes do judiciário disseram que ele tinha 89 por cento, com 3.000 secções apuradas.
O único rival, o veterano de esquerda Hamdeen Sabahi, tinha 2,9 por cento, de acordo com a campanha de Sisi, enquanto as fontes da Justiça colocaram Sabahi com 5 por cento, com o resto dos votos considerados nulos.
Os resultados parciais começaram a ser divulgados 90 minutos depois do fecho das urnas, depois de três dias de votação. O comparecimento foi de 44,4 por cento, dos 54 milhões de eleitores do Egito, de acordo com as fontes judiciais. Isso representa menos do que os 40 milhões de votos, ou 80 por cento do eleitorado, que Sisi havia pedido na semana passada.
O baixo comparecimento ameaça minar a credibilidade de Sisi como líder da nação mais populosa do mundo árabe e insinuaria que ele não conseguiu obter o apoio que esperava depois de depor o primeiro presidente eleito do Egito, o islâmico Mohamed Mursi, na esteira de protestos de rua no ano passado. Poucos eleitores foram vistos nas secções de votação do Cairo, esta quarta-feira.
O mesmo padrão foi visto na segunda maior cidade egípcia, Alexandria, disseram os repórteres da Reuters. Num país polarizado desde a revolta popular que derrubou Hosni Mubarak em 2011, o comparecimento abaixo das expectativas foi atribuído à apatia política, à oposição a outro militar como presidente, ao descontentamento com a supressão de liberdades entre a juventude liberal e aos pedidos para um boicote por parte dos islâmicos.
Votação prorrogada
As eleições de dois dias deveriam ter sido concluídas na terça-feira, mas foram prorrogadas até as 15h desta quarta-feira para permitir que “o maior número possível de pessoas” votasse, relatou a mídia estatal. Fogos de artifício explodiram no Cairo quando os resultados de Sisi começaram a ser divulgados.
Os seus partidários agitavam bandeiras egípcias e soavam buzinas de carros nas ruas movimentadas da capital. Mais cedo, uma lojista de 45 anos que se identificou como Samaa disse numa secção eleitoral no centro do Cairo que apoiava Sisi. “O nosso país só pode agora ser liderado por um militar, precisamos de ordem.”
Apesar de uma campanha oficial para atrair mais eleitores, os egípcios, muitos contrários a Sisi, deram várias razões para a sua falta de entusiasmo. A Irmandade Muçulmana, que se acredita ter um milhão de membros, rejeitou as eleições, descrevendo-as como uma extensão do golpe do Exército.
O grupo, leal a Mursi, foi suspenso pelos militares como um grupo terrorista e teve cerca de 1.000 membros mortos numa operação de segurança. Jovens activistas seculares, incluindo aqueles que apoiaram a queda de Mursi, ficaram desiludidos com Sisi depois de muitos terem sido presos na operação de segurança que também restringiu os protestos.
Desde que concedeu uma série de entrevistas para a televisão, muitos egípcios sentem que Sisi não expôs uma visão clara de como ele irá enfrentar os desafios do Egito, que incluem a pobreza generalizada, uma crise energética e uma insurgência islâmica.