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EUA: Senado abre caminho para a recondução de Bernanke ao Fed

O Senado dos Estados Unidos deixou entrever na quinta-feira a possibilidade de recondução de Ben Bernanke à frente do Banco Central americano (Fed), com uma votação a favor do final dos debates sobre sua permanência ou não. Foram 77 votos contra 23, o que poderá garantir um novo mandato de mais quatro anos de Bernanke.

O actual expira no dia 31 de Janeiro. Bernanke recebeu o voto favorável de uma parte da oposição republicana. Vários democratas, no entanto, recusaram-se a afiançar a escolha do presidente Barack Obama, anunciada no dia 25 de Agosto passado, de reconduzir Bernanke à direcção do Fed. Entre esses últimos estão Russ Feingold, Barbara Boxer e Jeff Merkley, que reprovam a Bernanke o fato de ser muito ligado a Wall Street e ter conduzido uma política monetária que contribuiu para a mais grave crise económica desde a Grande Depressão dos anos 1930.

O senador independente Bernie Sanders, que lidera a oposição a Bernanke desde o outono passado, repetiu na quinta-feira que o presidente do Fed “dormiu no comando”. Ben Bernanke é um especialista em Grande Depressão, e obcecado por evitar sua repetição. Teve a duvidosa felicidade de assumir o comando do Fed em Fevereiro de 2006, depois de 18 anos de presidência de Alan Greenspan, então no auge da glória. Mas sua gestão o levou rapidamente a revisar o legado do “oráculo de Wall Street” para salvar a maior economia mundial.

O presidente dos Estados Unidos já havia elogiado o “extraordinário trabalho” deste homem, de 55 anos, que conduziu a instituição que preside a uma intervenção sem precedentes para sustentar a economia, convencido de que a crise de 1929 se ampliou pelos erros do banco central. Ele teve como missão ininterrupta salvar a economia do que chamou de “pior crise financeira desde os anos 30”, o que lhe permitiu ganhar a confiança de Obama. Muitos analistas acreditavam que o presodente democrata pretendia abrir mão deste professor universitário, nomeado por seu antecessor, George W. Bush.

“A curto prazo, os governos de todo o mundo devem continuar adotando medidas enérgicas e, quando foi adequado, coordenadas para restaurar o funcionamento normal dos mercados financeiros e o fluxo de crédito”, declarou, ao defender um endurecimento da regulamentação financeira. Sob a direção deste homem discreto, o Fed colocou em prática uma estratégia de resgate das instituições financeiras e de reativação monetária sem precedentes desde sua criação em 1913. Doutor em Economia pelo prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Bernanke foi professor por muitos anos na igualmente famosa Universidade de Princeton, onde dirigiu o departamento de Economia de 1996 a 2002.

Nomeado para trabalhar no Fed, em 2002, abandonou o posto em 2005 para presidir o grupo de assessores económicos do presidente George W. Bush, que mais tarde o nomeou para a presidência do banco central para um mandato de quatro anos. Filho de um farmacêutico e de uma professora, cresceu em Dillon, pequena cidade da Carolina do Sul, Bernanke recebeu o apelido de “Ben, o helicóptero” depois de um discurso em 2002, pouco depois de entrar para o conselho de presidentes do Fed.

Na intervenção, com o título “Deflação: garantir que não aconteça”, fez referência a uma teoria do economista Milton Friedman, segundo a qual as autoridades monetárias podem tirar um país de uma “armadilha de liquidez” (quando as taxas de juros estão em zero e não podem mais estimular a economia), dando dinheiro diretamente às empresas ou aos consumidores.

Diante da intensificação da crise, o Fed de Bernanke passou da teoria à prática. A política de Bernanke está marcada pela recordação dos erros do Fed nos anos 1930, que resultaram em uma deflação que transformou a recessão de 1929 em uma depressão histórica, como descreve em seu livro “Ensaios sobre a Grande Depressão”, publicado em 2004. Bernanke estudou de perto os erros do Banco do Japão, que levaram à deflação registrada no país durante a “década perdida” de 1990.

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