A Ethiopian Airlines tornou neste sábado a primeira companhia aérea do mundo a retomar os voos com o 787 Dreamliner da Boeing, fazendo o primeiro voo comercial de passageiros desde que a frota foi proibida de voar há três meses, depois de uma série de incidentes de superaquecimento nas baterias que fornecem energia auxiliar.
O voo de Adis Abeba para Nairóbi foi o primeiro desde que as autoridades competentes proibiram todos os Dreamliners de levantar voo no dia 16 de janeiro, depois que duas baterias de lítio-íon tiveram problemas de superaquecimento em duas aeronaves, de companhias aéreas diferentes, ao longo de duas semanas naquele mês.
As autoridades americanas aprovaram um novo projeto para a bateria na semana passada, abrindo caminho para a instalação e retomada dos voos com o Dreamliner por todas as companhias aéreas do mundo. Os defeitos da bateria levantaram temores de um possível incêndio em pleno voo, atraindo atenção mundial para a Boeing e prejudicando a reputação do seu principal avião.
“Eu não sabia que ia voar no Dreamliner 787 até estar a caminho do aeroporto. Foi um voo agradável ,” disse Senait Mekonnen, etíope, dono de um restaurante, momentos depois do avião pousar. O voo lotado chegou ao aeroporto internacional Jomo Kenyatta International, em Nairóbi, pela manhã e os passageiros deram uma salva de palmas para a tripulação depois que o avião aterrou.
A proibição de voar do Dreamliner custou à Boeing cerca de 600 milhões de dólares, suspendeu as entregas da aeronave e obrigou algumas companhias aéreas a alugarem aviões para substituí-los.
O desenvolvimento do Dreamliner custou cerca de 20 bilhões de dólares e representa um salto quântico em termos de design, oferecendo uma redução de 20 por cento no consumo de combustível e acrescentou confortos na cabine, como por exemplo, uma maior umidade, janelas maiores e estilo moderno. Mas, ao provocar temores de um incêndio em pleno voo, os problemas nas baterias atraíram a atenção mundial, tanto para a segurança das aeronaves, quanto para a tecnologia por trás das baterias de lítio-íon, que são amplamente utilizadas em laptops, celulares, carros elétricos e outros produtos. Depois do segundo incidente, as companhias aéreas foram rapidamente proibidas de voar com a aeronave de 250 lugares, cujo preço de tabela é de 207 milhões de dólares.
O NTSB (US National Transportation Safety Board) – Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA – abriu uma investigação em grande escala para encontrar a causa do fogo de Boston e examinar o processo através do qual a FAA (Federal Aviation Administration) – Administração Federal de Aviação dos EUA aprovou o projeto do Boeing.
O NTSCB ainda não encontrou a causa, e depois das audiências da semana passada, a investigação continua. A última vez que uma frota de aeronaves foi impedida de voar foi há mais de uma geração, em 1979, quando a FAA proibiu o DC-10 da McDonnell Douglas de voar depois de um acidente em Chicago que matou 273 pessoas.