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Estigma e carência alimentar na origem das desistências

O Hospital Militar e o Centro de Saúde 25 de Setembro estão, nos últimos tempos, a registar índices elevados de desistências de pacientes que se beneficiam da medicação com anti-retrovirais.

Esta situação está relacionada com o alegado estigma de que os doentes são alvo ao nível das comunidades, segundo constatação das autoridades de Saúde. Fernando Flores, educador de pares da Associação Niliipihe, com sede na cidade de Nampula, disse que o Hospital Militar contava, até Dezembro do ano passado, com, com cerca de 2.000 doentes em tratamento, dos quais 119 abandonaram o tratamento, enquanto no Centro de Saúde 25 de Setembro, os dados apontam para cerca de 1000 doentes desertores.

Outro motivo de desistências ao tratamento, conforme aquele educador de pares, está relacionado com a fraca capacidade económica por parte de alguns pacientes que não lhes possibilita uma alimentação adequada requerida pelo grande poder reactivo dos medicamentos. Com efeito, a medicação de antiretrovirais exige uma dieta alimentar compatível com os seus efeitos colaterais que provocam muita fome. E os doentes que não têm capacidade financeira para adquirir esses alimentos,tais como carne, leite, sumos, frutas e outros energéticos, acabam por desistir do tratamento.

Explicou-nos o nosso entrevistado, acrescentando que nem sempre tem sido possível sensibilizar esses desertores no sentido de retomarem a medicação porque, depois de diagnosticados como seropositivos, fornecem dados falsos sobre a sua localização no acto de abertura da respectiva ficha, presumivelmente com receio de que venham a ser localizados no seio da sua comunidade pelos educadores de pares ou por outras entidades que trabalham nesta área. Segundo Fernando Flores as duas mencionadas unidades sanitárias registaram, até Dezembro de 2009, um total de cerca de 4.000 doentes de SIDA.

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