Há tempos recebi, aqui na redacção, um grupo pertencente à organização ‘Freedom House’, uma ONG norte-americana que se dedica à defesa das liberdades cívicas em geral, tendo uma grande preocupação com a liberdade de imprensa. O grupo era constituído por uma norte-americana, um zimbabweano, uma angolana e um ruandês. Excepto o zimbabweano – que por razões de segurança exercia a sua actividade a partir de Joanesburgo – os outros dois africanos trabalhavam nos seus respectivos países.
A conversa decorreu num tom animado, tendo a americana me bombardeado com perguntas acerca do jornal e da liberdade de imprensa em Moçambique. Dentro das minhas possibilidades, lá lhe fui esclarecendo, fazendo-lhe ver que não éramos o Zimbabwe nem Angola mas que também estávamos ainda bem longe do país dela, os Estados Unidos.
Éramos assim uma meia coisa, uma espécie de amarelo no sinal luminoso. Se passássemos, como diz o código da estrada em relação à cor do sol no semáforo, com muita rapidez podíamos bater de frente, se travássemos completamente sucederia como se tivéssemos sempre no sinal vermelho, ou seja, eternamente parados. A receita era, disse-lhes, seguir com cuidado.
No final, deram-me os parabéns pela coincidência entre os meus pontos de vista e o mapa por eles elaborado em relação à liberdade de imprensa no mundo durante o ano de 2010. Quando desdobrei o mapa confirmei: Moçambique estava manchado a amarelo o que, de acordo com a legenda, correspondia a um país com uma imprensa parcialmente livre (partly free).
No resto da África dominava a cor púrpura, correspondente a uma imprensa não livre (not free). Com mancha verde, dizendo respeito aos países com uma imprensa livre, havia quatro honrosas excepções: Cabo Verde, São Tomé, Mali e Gana.