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Autárquicas 2013: “Estamos a crescer”, afirma Vicente da Costa Lourenço Edil de Cuamba

A falta de água potável e a precariedade das vias de acesso são os principais problemas que enfrenta a cidade de Cuamba. Quando assumiu a presidência do Conselho Municipal da urbe, Vicente da Costa Lourenço tinha como missão dar continuidade às obras do seu antecessor. Presentemente, faz um balanço positivo do mandato que abraçou a dois anos do fim. E, apesar de enormes desafios que o município tem pela frente, ele afirma que a autarquia “está a crescer”. Porém, o que deixa o edil orgulhoso é o início das obras de colocação de pavé na via pública.

@Verdade – Qual é o balanço da sua governação?

Vicente da Costa Lourenço (VCL) – O balanço é positivo na medida que assumi a gestão a dois anos do fim do mandato. Tinha de dar continuidade algumas obras que se encontravam paradas. Refiro-me, sobretudo, à morgue. Os munícipes, assim como os doadores, queriam a casa mortuária pronta, mas houve algumas razões que levaram à interrupção da obra em 2010. Também tínhamos a questão dos mercados, existiam dois pavilhões por terminar.

Concluímos o pavilhão do mercado 7 de Setembro e central. Numa primeira fase, demos prioridade a esses empreendimentos e, em 2012, concluímos todas as obras paralisadas. Também comprámos uma viatura para ajudar nos serviços funerários em Cuamba, uma vez que não existia um carro para essa finalidade. Isto foi bom para os munícipes que são utentes e os doadores, pois continuarão a apoiar o nosso município.

@V – Quais foram as realizações da edilidade nesses últimos dois anos?

VCL – Trabalhámos no fornecimento de água, abrindo 11 furos. Construímos um centro de saúde e achamos que esta actividade deve ser anual, razão pela qual este ano estamos a construir outra unidade sanitária na zona de Adine 3. A que está já concluída é a da zona de Tetereane e a previsão é que neste mês (Maio) vamos proceder à entrega ao Ministério da Saúde e no mesmo dia vamos fazer a inauguração.

Além disso, em relação à Educação, temos vindo a fazer um trabalho muito grande na construção de salas de aulas. Durante as visitas que fizemos, constatámos que as que existem na sua maioria são de construção precária e isto incomoda muito os nossos munícipes, pois têm de procurar capim, e não só, nos tempos chuvosos as crianças são obrigadas a interromper as aulas.

Como o nosso manifesto eleitoral preconiza melhorar a Saúde e a Educação, achamos melhor criar condições infra-estruturais para o bem-estar dos munícipes de Cuamba. No ano passado, construímos quatro salas de aulas e achamos que este ano devíamos fazer mais. Neste momento, estamos a construir 27 salas de aulas nas diversas escolas, nomeadamente Namuite, Namutimbua, Atenas, Mucuapa, Minas e Maniua.

@V – Além dos desafios acima mencionados, o que mais encontrou quando assumiu a gestão municipal de Cuamba?

VCL – Outros grandes problemas que encontrei, além dos que já mencionei, é a questão das vias de acesso e água potável. Na área de estradas, nós fizemos a reabilitação, sobretudo nos bairros onde abrimos uma nova estrada que liga o bairro de Mujaua à cidade, melhorámos uma ponte na zona da San.

Além disso, um facto muito importante foi a ousadia que tivemos de, pela primeira vez, iniciar a colocação de pavé em Cuamba. Este é um sonho que tinha em relação à cidade de Cuamba. Nós achamos que tínhamos de fazer, e já estamos a atingir os 100 metros agora na Avenida Samora Machel. Neste ano temos um quilómetro por pavimentar, os próximos anos vamos avançar mais, de maneira a melhorar as nossas estradas para o bem dos munícipes.

Também estamos em negociações com a Administração Nacional de Estradas (ANE) para ver se é possível integrar uma adenda ao contrato de asfaltagem da estrada Malema-Cuamba. O acordo já foi assinado, mas preconiza metade da Avenida Eduardo Mondlane.

@V – Em relação ao acesso a água potável, disse que a edilidade construiu 11 furos, mas tudo indica que ainda prevalece o problema. A que se deve?

VCL – Relativamente à água, é verdade que em Cuamba é um problema muito sério. Há insuficiência do precioso líquido, mas isso deriva da própria conduta que sai de Mpopola até à cidade, pois é menor e não é capaz de fazer a cobertura devido ao crescimento demográfico. Porém, não estamos parados, trabalhámos bastante com o nosso parceiro que é o Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) de maneira que corrija a situação.

Estamos felizes porque o concurso já foi lançado para a implementação de um grande projecto que preconiza a colocação de uma nova tubagem de diâmetro maior, que vai partir da fonte em Mpopola até à zona de Rimbane. Também será construído um novo centro de tratamento e distribuição de água e daí vão sair duas condutas, uma passará pelo bairro do Aeroporto (o mais populoso da cidade de Cuamba) e outra pela San. Este projecto vai ajudar-nos bastante. Enquanto não se materializa, já estamos a dar furos de água à população.

@V – O que está a ser feito a nível do saneamento do meio, principal na recolha dos resíduos sólidos?

VCL – No que tange aos resíduos sólidos, só posso dizer que todo o lixo que produzimos, limpamos. A recolha é feita diariamente. Numa primeira fase, tínhamos um único tractor, mas nós trabalhámos com os nossos doadores e conseguimos mais dois. Presentemente, contamos com três, porém, vamos precisar de mais porque a cidade está a crescer.

Neste momento, estamos a estudar a possibilidade ter mais um tractor e um camião basculante. Estamos a fazer uma cobertura considerável a nível da cidade. Mas não estamos felizes, queremos aumentar o efectivo de trabalhadores e os meios de recolha de lixo. Neste momento, dispomos de um quadro de pessoal já esgotado. Outra questão é a dos sanitários públicos. Não tínhamos nos mercados, escolas e outros lugares públicos.

Graças à colaboração dos nossos parceiros, principalmente da Direcção Nacional de Águas, temos um projecto de construção de sanitários. Esses sanitários estão localizados nos mercados, nas escolas e também reforçámos nas unidades sanitárias. Nsse projecto, as obras estão em execução e, dentro em breve, vamos ultrapassar esse problema.

@V – Cresce o número de construções desordenadas na cidade de Cuamba. Como é que a edilidade olha para esse fenómeno?

VCL – É verdade que existem bairros que precisam de ser requalificados, sobretudo em Mutxoura e uma parte do bairro do Aeroporto. Mas o nosso problema é termos, primeiro, um espaço e criar condições de habitabilidade. Não nos queremos precipitar, agora estamos a lutar para criar uma nova zona de expansão de Indjato e Soloma. Estávamos em negociações com as populações residentes nessas zonas para ver se aceitam a nossa proposta.

Já temos dinheiro, fornecido pelos nossos doadores, para desenhar um plano pormenorizado desses novos bairros. Agora o passo subsequente é a elaboração desse plano e depois começaremos com a distribuição de talhões. Mas isto não basta para as populações que construíram as suas casas de forma desordenada, é preciso arranjar um fundo para a indemnização, nós não vamos tirar as pessoas fazendo o uso da força e meios coercivos.

Estamos a lutar de modo a ter alguns parceiros para nos ajudarem de maneira a requalificar essas zonas. Tínhamos também o problema de toponímia. Hoje quem chega a Cuamba pela primeira vez pode saber que está na avenida X ou Y, e o passo seguinte será a colocação de sinais de trânsito.

@V – A cidade de Cuamba tem recebido alguns investimentos?

VCL – Tem havido alguns projectos. Já começam a surgir pequenos empreendimentos turísticos locais. Agora o que temos de fazer é vender a nossa imagem para atrair os agentes económicos. A asfaltagem da estrada Nampula-Cuamba vai trazer benefícios para a nossa cidade. Falo também da linha férrea Nacala-Cuamba-Malawi-Tete que vai trazer uma grande mudança.

Agora fala-se da reabilitação da linha Cuamba-Lichinga, isso vai trazer muitos ganhos. Cuamba já, foi por muito tempo, capital económica do Niassa, mas este papel perdeu-se por causa da guerra, uma vez que a linha férrea desapareceu, e a estrada também. No entanto, daqui a alguns anos, ela vai retomar a sua posição anterior. Estamos a crescer.

@V – Em que estágio se encontra o município de Cuamba, em termos de arrecadação de receitas?

VCL – Em 2012, arrecadámos cerca de seis milhões de meticais. Há momentos em que a receita é elevada, há outros em que desce drasticamente, mas são problemas do próprio negócio.

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