O ministro senegalês da Justiça, Sidiki Kaba, reafirmou em Dakar que o Estado do Senegal já recuperou 50 biliões de francos CFA (cerca de 85 milhões de dólares norte-americanos) de Karim Wade, indicando que o processo continua em curso para reaver outros bens desviados pelo filho do antigo Presidente Abdoulaye Wade e ex-ministro das Infraestruturas, Transportes Aéreos e Terrestres.
“Já recuperámos pelo menos 50 biliões de francos CFA. Um procedimento está em curso em Mónaco para recuperar bens e um outro está previsto para 27 de Junho corrente em Paris”, declarou Kaba durante uma conferência de imprensa na sequência da libertação de Karim Wade, quinta-feira à noite, após um perdão presidencial. “Muitos bens foram confiscados, agora trata-se de permitir à Justiça francesa validar os pedidos do Senegal “, acrescentou o governante senegalês.
Depois de cumprir metade da sua pena, Karim Wade foi perdoado com os seus dois principais cúmplices, Ibrahima Aboukhakil “Bibo Bourgi” e Alioune Samba Diassé, que beneficiaram duma liberdade provisória, há algumas semanas, para ir tratar-se em França.
Karim Wade foi condenado a seis anos de prisão efectiva e a pagar uma multa de 138 biliões de francos CFA (um dólar americano equivale a cerca de 580 francos CFA), declarado culpado de desvio de fundos públicos, entre 2009 e 2012, quando era ministro sob o regime do seu pai. Ele foi acusado, entre outros, de desvio de 117 biliões de francos CFA depositados em paraísos fiscais e da aquisição ilegal de oito viaturas de luxo e de duas casas.
O seu julgamento foi realizado de 31 de Julho de 2014 a 22 de Janeiro de 2015 no Tribunal de Repressão do Enriquecimento Ilícito (CREI).
A graça presidencial dispensa apenas os condenados de cumprir a pena de encarceramento restante, segundo um comunicado da Presidência da República publicado sexta-feira em Dakar. “Assim, as sanções financeiras contidas na decisão de Justiça de 23 de Março de 2015 e o procedimento de recuperação já lançado continuam”, acrescenta o comunicado.
Segundo alguns diários senegaleses, logo após a sua saída da prisão, Wade foi à sua casa familiar de Point E, em Dakar, antes de partir para Doha, Qatar. Ele fez-se acompanhar do procurador-geral do Qatar, Ali Bin Fetais, e do ex-ministro senegalês dos Negócios Estrangeiros sob o regime do Presidente Wade, Madické Niang.