Os franceses confirmaram este domingo seu voto contra a direita no poder, liderada pelo presidente Nicolas Sarkozy, no segundo turno das eleições regionais, última votação na França antes das presidenciais de 2012. A esquerda e seus aliados ecologistas permanecerão à frente da maioria das regiões francesas, com 53,85% dos votos em nível nacional, contra 35,53% para a União para um Movimento Popular (UMP) e seus aliados, segundo estimativa da AFP baseada em números do ministério do Interior.
A esquerda reuniu o Partido Socialista (PS), a Europa Ecologia e a Frente de Esquerda (liderada pelo Partido Comunista). A Frente Nacional (FN, extrema direita), de Jean Marie Le Pen, recebeu 9,26% dos votos em nível nacional, o que permitirá um bom número de deputados provinciais ao partido. Estes resultados confirmam o voto contra o governo Sarkozy, que enfrenta no momento o menor índice de popularidade desde o início do mandato.
A direita manteve a Alsácia, seu bastião no leste da França, e venceu na ilha de Reunión, no oceano Índico. Mas com a vitória na Córsega, a oposição passa a controlar 21 das 22 regiões da França metropolitana. “Estas eleições confirmam o sucesso da esquerda. Não soubemos convencer”, disse o primeiro-ministro francês, Francois Fillon, após tomar conhecimento das projeções. “Assumo minha parte da responsabilidade e amanhã conversarei com o presidente”, destacou Fillon.
Após tais resultados na última eleição antes das presidenciais na França, em 2012, Sarkozy deverá proceder com uma ampla reforma ministerial. O líder da UMP, Xavier Bertrand, também reconheceu a ampla vitória da oposição: “a esquerda ganhou estas eleições, precisamos admitir isto”. Jean Francois Copé, presidente do bloco governista de senadores, classificou o resultado de “derrota real”.
Martine Aubry, primeira secretária do PS, disse que o governo precisa “ouvir a mensagem” após ser “punido por sua política injusta”. O prefeito de Paris, o socialista Bertrand Delanoe, estimou que o resultado foi “muito negativo” para o governo, que “precisa corrigir sua política”. Uma das grandes vitoriosas deste domingo foi a socialista Segolene Royal, que em sua região de Poitou Charente, no centro do país, obteve mais de 60% dos votos, o que lhe habilita a se apresentar novamente como candidata à presidência.
Segundo Segolene Royal, estes resultados “mostraram o papel de trampolim das regiões contra a ineficiência”. A socialista prometeu “fazer todo o possível para transformar esta esperança em ação”. O índice de abstenção foi de 48,8%, inferior ao registrado no primeiro turno, no domingo passado (53,6%), e este aumento de participação permitiu à direita evitar um desastre maior. No total, 43,5 milhões de franceses foram convocados para eleger neste domingo 1.839 deputados provinciais para um mandato de quatro anos.