E no último jogo da primeira jornada a primeira grande surpresa na Àfrica do Sul, a atual campeã europeia e uma das grandes favoritas ao título, a Espanha foi surpreendida pela Suíça por 1 a 0. Gelson Fernandes, medio nascido no Cabo Verde, foi o autor do golo que deixa os espanhóis com a obrigação de vencer os próximos dois jogos se quiser passar à fase seguinte. Chile e Suíça dividem a liderança do grupo com três pontos, enquanto a Espanha vai tentar se reerguer contra os hondurenhos, no jogo dos derrotados.
A quarta-feira em Durban prometia ser de festa para a “Fúria”, que chegava a 50 participações em Mundiais. No entanto, a derrota encerrou a série invicta de 12 jogos, curiosamente como no ano passado, quando perdeu na África do Sul uma invencibilidade de 35 partidas após a derrota para os Estados Unidos na semifinal da Copa das Confederações da FIFA.
A Suíça comemorou sua primeira vitória no confronto com a Espanha depois de 15 derrotas e três empates. A defesa também voltou a ser o destaque da seleção, que chegou ao seu quinto jogo seguido em Mundiais sem sofrer golos. Agora, são 484 minutos sem que os adversários tenham balançado a rede, a terceira melhor marca até hoje.
Em campo, a proposta das duas equipes ficou clara desde os primeiros minutos. Desfalcada de Alexander Frei, o técnico Ottmar Hitzfeld lançou uma equipe muito defensiva, deixando muitas vezes o atacante Blaise Nkufo sozinho no ataque. Enquanto isso, a Espanha trocava passes com facilidade na intermediária e ia aos poucos tentando furar o bloqueio adversário. Apesar do domínio, a primeira chance só veio aos 24 minutos e numa jogada característica do Barcelona. Após cruzamento, Iniesta lançou Piqué dentro da área. Assim como contra a Inter de Milão, na semifinal da Liga dos Campeões, o defesa cortou o último adversário, mas desta vez foi parado pelo guarda-redes Benaglio.
Sem ser ameaçada, a “Fúria” continuou atacando e chegou inúmeras vezes com perigo, uma delas com Iniesta, após lançamento preciso de Silva de antes do meio de campo. Antes do apito, a Espanha pressionou pela última vez, criando boas chances novamente com Iniesta e, em seguida, com Villa. Em lance de categoria, o atacante do Barcelona driblou o defesa e tentou o toque por cima de Benaglio, mas sem sucesso.
Na segunda parte a história repetiu-se. Com a posse de bola perto dos 70%, a Espanha rondava a área rival com Iniesta, Xavi e Silva, que procuravam a solução em lançamentos curtos para Villa ou para os medios que vinham de trás.
No entanto, mesmo pressionada, a Suíça conseguiu o que até então parecia impossível. O guarda-redes Benaglio repõe a bola, num lançamemnto que atravessou o campo e ficou nos pés de Eren Derdyiok, que dividiu com Casillas já na área. Na recarga, Fernandes ganhou a Piqué e só teve que empurrou para a baliza vazia.
O golo suíço gerou certo desespero nos espanhóis, que iam criando e desperdiçando chances principalmente com Iniesta, pela esquerda, e Silva, pela direita. Aos 16 minutos, Vicente del Bosque colocou Fernando Torres e Jesús Navas, mas os dois atacantes não mudaram o panorama do jogo.
O verdadeiro lance de perigo veio aos 23 minutos, com Xabi Alonso, rematando a trave de Benaglio. A Suíça continuava posicionando-se bem no relvado e por pouco não ampliou em linda jogada de Derdyiok. Após invadir a área e driblar Piqué e Puyol, o medio deu um leve toque na bola, que, caprichosamente, bateu na trave.
Nos últimos minutos a pressão da “Fúria” foi intensa, mas de forma desorganizada. Os sustos espanhóis aumentavam com bolas alçadas na área e alguns remates perigosos. Com incrível determinação, porém, a Suíça conseguiu defender-se e garantiu um triunfo histórico e que agora deve incendiar a competição.
