A Organização das Nações Unidas (ONU) terá de cortar recursos destinados a alimentação de quatro milhões de sírios em 40 por cento em Outubro, devido a uma escassez de fundos, apesar do melhor acesso a áreas necessitadas, disse uma autoridade sénior da ONU, esta quarta-feira (17).
John Ging, director de operações do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, disse numa entrevista que a “ruptura no fluxo” significa mais fome diante da aproximação do quarto ano da guerra civil na Síria.
Um recorde de 4,1 milhões de pessoas na Síria receberam alimentos em Agosto, uma vez que mais comboios foram capazes de cruzar as linhas de frente e as fronteiras da Turquia e Jordânia, informou o Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) da ONU, este mês.
“Em Outubro, o WFP será capaz de entregar 60 por cento do que ele vinha entregando. Em Novembro, cairá para 40 por cento”, disse Ging, em Genebra, depois de participar de uma reunião extraordinária sobre a ajuda humanitária para a Síria. “É porque o dinheiro não chega. Esta é uma notícia devastadora para as pessoas que são dependentes de ajuda”, disse ele.
Um funcionário do WFP afirmou que as negociações a portas fechadas davam conta de que em Novembro a cesta de alimentos para os sírios poderia encolher para 825 calorias, bem menos da metade da ingestão diária recomendada, segundo os diplomatas.
Cortes profundos também aparecerão para muitos dos três milhões de refugiados sírios no Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque.
Há uma defasagem de três meses entre a compra dos alimentos e o período de entrega nas áreas, disse Ging. “Isso virá num momento em que o sofrimento é agravado pelo inverno.” “Então, (haverá) redução na distribuição de ajuda quando ela é necessária mais do que nunca”, disse ele.
“Não é apenas comida, é abrigo vital material, roupas e suprimentos de água e saneamento.” O WFP precisa de 44 milhões de dólares para suas operações imediatas na Síria, disse Ging. Mais 56 milhões de dólares são necessários para evitar cortes na assistência alimentar aos países vizinhos, segundo os diplomatas.
Yacoub El Hillo, coordenador residente das Nações Unidas em Damasco, declarou depois de participar das conversações que a falta de fundos criou uma “situação muito crítica”. “A Síria é a mais complexa, mais urgente e maior operação, mas é uma das muitas.
As doações são capazes de ajudar muito”, disse ele, ressaltando pressões competitivas por financiamento. Os diplomatas dos países ocidentais doadores, bem como os aliados da Síria, Irão e Rússia, participaram das discussões.