Rebeldes separatistas da etnia tuaregue disseram nesta segunda-feira ter capturado no norte do Mali dois dirigentes de grupos islamistas que seguiam em direção à fronteira da Argélia para escapar dos bombardeios franceses contra acampamentos dos insurgentes ligados à Al Qaeda no deserto.
O grupo rebelde tuaregue MNLA, que luta pela autonomia de uma região no norte do Mali, anunciou a captura de Mohamed Moussa Ag Mohamed –um líder islamista que impôs uma forma dura de interpretação da Sharia (lei religiosa do Islã) em Timbuktu, cidade situada no deserto– e de Oumeini Ould Baba Akhmed, que se acredita seja o responsável pelo sequestro de um refém francês pelo grupo MUJWA, uma ramificação da Al Qaeda.
“Nós perseguimos um comboio de islamistas perto da fronteira e prendemos os dois homens, anteontem”, disse à Reuters o porta-voz do MNLA, Ibrahim Ag Assaleh, em declarações dadas em Ouagadougou, em Burkina Fasso. “Eles foram interrogados e enviados para Kidal.”
Há três semanas a França enviou 3.500 soldados, aviões de guerra e veículos blindados como parte da operação Serval, no Mali. Com isso, rompeu o controle estabelecido pelos islamistas durante dez meses em cidades do norte malinense, onde eles haviam imposto a Sharia. O governo francês e seus aliados internacionais querem impedir que os islamitas utilizem o vasto deserto do norte do Mali como uma base para lançar ataques em países africanos vizinhos e ao Ocidente.
O MNLA assumiu o controle do norte do Mali no ano passado, mas logo depois foi suplantado por grupos islamistas mais bem-armados. Os separatistas tuaregues recuperaram na semana passada o controle de Kidal, seu reduto no norte, quando combatentes islâmicos fugiram dos ataques aéreos franceses e seguiram na direção do deserto e das montanhas de Adrar des Ifoghas.
O grupo tuaregue diz estar disposto a ajudar a missão liderada pelos franceses a caçar os islamitas e propuseram conversações de paz com o governo, em uma tentativa de buscar uma solução para as disputas entre o norte do Mali, na desértica área do Saara, e o sul, dominado por africanos negros.
“Até que haja um acordo de paz, não podemos realizar eleições nacionais”, disse Ag Assaleh, referindo-se ao plano do presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré, de realizar eleições em 31 de julho. Muitos na capital, Bamaco, situada no sul do país – incluindo chefes militares que acusam o MNLA de ter executado no ano passado soldados na cidade subsaariana de Aguelhoc – rejeitam fortemente quaisquer negociações.
Forças especiais francesas tomaram o aeroporto de Kidal na terça-feira, chegando assim à cidade mais setentrional anteriormente ocupada pela aliança de grupos islamistas. Embora o MNLA diga que controla Kidal, um repórter da Reuters na cidade viu um contingente de tropas do Chade — parte de uma missão africana apoiada pela ONU, se instalando na área para ajudar na retomada do norte Norte do Mali – em apoio a tropas francesas lá.
O chanceler francês, Laurent Fabius, afirmou que os aviões continuavam com os bombardeios contra os islamitas no extremo norte do Mali, para destruir suas linhas de fornecimento e expulsá-los da área.