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Ensino em condições deploráveis poderá prevalecer

O problema de crianças a estudar em condições deploráveis, sobretudo sentadas no chão, vai prevalecer em Moçambique, mas as autoridades do sector prometem que o assunto tem “dias contados”.

Dados oficiais indicam que o país precisa de colocar nas escolas, sobretudo primárias, um total de um milhão de carteiras, o que implicaria um investimento de cerca de 150 milhões de dólares.

Num contacto com jornalistas em Chidenguele, província meridional de Gaza, por ocasião do Conselho Coordenador do Ministério da Educação (MINED), Eugénio Maposse, director nacional adjunto de planificação e cooperação para área de construções e equipamento escolar, disse que a filosofia da instituição é colocar carteiras onde não existem, ao mesmo tempo que quando a escola é melhorada ela é automaticamente equipada.

“O problema de salas de aula vai continuar visível por algum tempo, mas tem dias contados porque o Governo tem consciência de que se tem que resolver. Se em 2003 tínhamos no sistema três milhões e meio de alunos, agora temos cerca de seis milhões. Esses números exigem condições. Este assunto está no centro das prioridades do MINED que nunca parou de apetrechar as escolas”, frisou.

De acordo com o interlocutor, no país, existem três cenários: o de escolas precárias, escolas construídas por parceiros, mas sem colocar mobiliário, e as que funcionam debaixo de árvores, portanto, ao relento. Dados oficiais indicam que aproximadamente 1,8 milhões do total de crianças matriculadas no sistema nacional de educação estudam ao relento ou em condições deploráveis.

Neste momento está se a avaliar como atacar o problema, segundo afiançou Maposse. À medida das condições de que o país dispõe, tem também se melhorado a colocação de recursos ao nível central e provincial só para aquisição de carteiras.

Para o director nacional adjunto, se o país tivesse capacidade para transformar a madeira de que é detentora, o problema seria resolvido rapidamente, usando capacidades locais. Mas nesta contingência, o MINED se vê “obrigado” a recorrer a concursos internacionais.

“Há percepção de que há muita madeira no país e só isso é suficiente para resolver o problema, mas o sector de transformação desta matéria-prima está fraco internamente. Então como a nossa missão não é produzir carteiras, mas sim adquirí-las, temos optado por fazer concursos internacionais para aquisição de mobiliário e isso leva o seu tempo. Se tivéssemos os 150 milhões de dólares resolvíamos o problema a curto prazo e de forma eficaz”, explicou a fonte.

No que refere à construção de infraestruturas, o MINED vai prosseguir com o seu programa de construção acelerada de salas de aula, mas com recurso a um novo modelo que já foi experimentado nas províncias de Cabo Delgado, Norte, e Zambézia, Centro de Moçambique. Este novo modelo, segundo Maposse, implica a utilização de estruturas metálicas, o que confere mais qualidade e durabilidade à infra-estrutura.

“Esta é a nossa aposta”, vincou a fonte, acrescentando que “onde não for possível utilizar este modelo, vamos manter o modelo tradicional, baseado em material convencional. Portanto, vamos utilizar os dois modelos em simultâneo”.

O programa de construção acelerado de salas de aula iniciou em 2006 e até o ano passado haviam sido edificadas cinco mil salas. A perspectiva era de até 2015 construir cerca de 45 mil salas de aula, o que não será possível.

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