Matola
Os responsáveis dos transportes semi-colectivos de passageiros – conhecidos por chapas – do município da Matola avaliam de forma postiva as filas de passageiros introduzidas em Agosto do ano passado em todos os terminais daquela urbe. Garantem que a organizaçao veio para ficar, atendendo que económica e socialmente beneficia tanto os proprietários das viaturas como os respectivos utentes.
A União dos Transportes de Maputo (UTRAMAP), para além da introdução de filas nos terminais de “chapas”, acaba de deliberar, para bom desempenho da actividade deste tipo de transporte e respeito pelos passageiros, com os gestores das rotas e alguns proprietários das viaturas a criação dos postos de controlo com vista à fiscalização das superlotações. A ideia surge na sequência das constantes reclamações dos utentes dos “chapas”, em particular, e do público em geral, porque, ao contrário do que se pensava, não é enchendo o carro acima do normal que se obtém mais receitas, uma vez que esta sobrelotação concorre para a rápida danificação das viaturas, submetendo ainda os passageiros a um tratamento brutal, viajando como se de mercadoria tratasse.
Jorge Manhiça, vice-presidente da cooperativa dos transportes semi-colectivos de passageiros do bairro da Liberdade, quando questionado sobre o tipo do controlo de superlotação dos “chapas”, garantiu que “todas viaturas de passageiros que circulam na cidade Matola, ou partindo desta para Maputo e vice-versa, serão fiscalizadas nos postos criados para o efeito. Ao contrário da fiscalização dos agentes da Polícia Municipal, os fiscais da UTRAMAP vão ordenar a descida das pessoas que estiverem a superlotar os carros, sobretudo as que permanecem de pé, apertadas entre a porta e os bancos de frente ou perfiladas atrás da cadeira do motorista”, avançou Manhiça.
Jorge Manhiça acredita que este tipo de punição vá surtir efeito, avaliando que o passageiro que for vítima desta penalização, para as próximas vezes, será o próprio que as recusa viajar naquelas condições. A fonte explicou que “a penalização desta infracção, vista como violação da postura municipal de transporte de passageiros, não irá afectar a tripulação. Manhiça está contra a aplicação de multas, “uma vez que esta estimula o suborno, como se tem constatado através da fiscalização da Polícia”.
Um ano após a introdução de filas em todos os terminais da Matola, os gestores das rotas fazem um balanço muito positivo desta medida. Jorge Manhiça reconheceu ao @ Verdade que “as filas têm a vantagem de evitar que os passageiros subam para os carros aos empurrões, onde pelo meio eram roubados ou obrigados a voltarem a casa para trocar de roupa, já que esta muitas vezes ficava suja ou rasgada na subida para o veículo.” Outra vantagem desta organização é o facto de evitar a danificação dos carros, pois com o excesso de passageiros muitas viaturas sofriam rebentamentos de portas, vidros e bancos.
Lúcia Eugénio, empregada doméstica na cidade de Maputo e estudante nocturna na Escola Secundária da Machava, referiu também estar satisfeita com a introdução das filas de passageiros. Relatando a sua experiência no terminal da Liberdade, adiantou que “antes das bichas organizadas chegava quase todos os dias atrasada ao serviço, o que não acontece hoje.”
Azarias António, na rota do Cinema-700, trabalhador na cidade Maputo e ex-estudante na Escola Secundária da Matola, disse, por seu turno, que a situação melhorou muito, não obstante alguma carência de chapas nas primeiras horas da manhã e ao fim da tarde. A fonte contou que em tempos enfrentou muitas dificuldades para chegar ao serviço e às aulas, porque na cidade Matola não havia filas organizadas.
O secretário-geral da ATROMAP, Samuel Nhatitima, solicitado a explicar as razões da não adesão na cidade de Maputo à iniciativa dos seus colegas da Matola, reconheceu como positiva a ideia dos matoleneses, sobretudo sob o ponto de vista social e económico com vantagens tanto para passageiros como para os proprietários das viaturas. Porém, Nhatitima afirmou “por enquanto não é possível introduzir filas e fiscalizar a sobrelotação devido à redução da frota, originada pela recusa de licenciamento de viaturas de 15 lugares por parte da edilidade de Maputo, a partir de 2004. “Não estamos alheios aos esforços levados a cabo pelos colegas da Matola a bem da sociedade e da valorização da actividade de transporte de passageiros, mas, desde o decreto municipal do banimento de licença de viaturas de 15 lugares, numa altura em que associação se preparava para injectar mais 70 carros desta lotação, a efectivação dessa medida reguladora tornouse impossível”, conclui o secretário-geral da ATROMAP.
Em relação à fiscalização, Nhatitima assegurou que “existem sempre apelos contra o excesso de lotação, mas, por vezes, quem manda nos terminais são os angariadores de passageiros que chegam inclusive a desautorizar motoristas e cobradores, como se o carro fosse deles.”
Ainda, de acordo com Nhatitima, as expectativas para a introdução de filas de passageiros e controlo efectivo de superlotação dependerá do levantamento do embargo do Conselho Municipal de Maputo, o que significa que “só haverá mais carros na estrada quando for permitido o licenciamento de chapas de 15 lugares, pelo facto de a maioria dos proprietários só ter capacidade para comprar este tipo.”