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Eleitor d´Verdade: Também eu fui votar

Pois é, também fui votar e aqui estou c/ a tinta indelével que não sai mesmo! Cheguei ontem de Londres p/ vir votar aqui na Embaixada em Lisboa, pois infelizmente não temos Círculo Eleitoral no Reino Unido; esta situação já está a ser analisada a nível do Alto Comissariado e da Casa de Moçambique em Londres e espero nas próximas eleições não ter que viajar tanto p/ poder exercer o m/ direito de voto.

Logo pela manhã, ainda não eram 6 horas lá estava eu à frente da porta da Embaixada, o 1º a chegar, pensava eu que já haveria alguns antes de mim, mas tal não aconteceu e o 2º votante chegava por volta das 7 horas; engraçado que este conterrâneo tinha estado comigo também às primeiras horas nas Eleições de 2004 e falamos sobre esse encontro há 5 anos.

Enquanto aguardava pela chegada de outros conterrâneos, lá vi o sempre afável Sr. Generoso, muito ofegante, a contar que passou a noite entre Faro e Lisboa, pois teve que ir levar o material até Faro, quando lá chegou lembrou-se que tinha deixado os cadernos eleitorais em Lisboa, teve que regressar e ir de novo p/ Faro; coitado, numa noite fez + de 400km e lá estava ele todo preocupado a retirar um cartaz, por acaso bem bonito, do velho Marechal, que se encontrava afixado nas paredes à entrada da Embaixada; logo o retirou, pois não queria conotações, embora lhe dissesse que no tempo do Marechal não havia eleições desta natureza e que podia deixar ficar o cartaz, ou então oferece-lo a mim, mas lá o retirou, dizendo que depois o reporia; pensei p/ mim, que efeito teria aquele cartaz nas pessoas que saíram zangadas de Moçambique há muitos anos quando passam por ali?

Enfim lá fui entretanto conversando c/ o Polícia destacado p/ guarnecer a Embaixada, era um jovem graduado, adepto ferrenho do Glorioso e pois claro aquela hora entre as 6 e as 7 rapidamente passou falando das aulas de aeróbica que agora são os jogos do Glorioso (Sabem porquê? Depois vos digo!), do futebol na Inglaterra que ele bem conhecia e sendo ele nascido em França, compreendia bem o sentimento de viver longe da terra amada, um bom exemplo de convívio c/ uma classe muito desrespeitada por estas bandas.

Entretanto eis que surge a Camarada Orlanda, muito faladora e também bem disposta, mesmo apesar de não ter passado muito bem nestes últimos dias e então quando aparece a figura do mano Saíde da Embaixada, é uma explosão de alegria; este irmão estava mesmo feliz, cumprimentou e falou c/ todos presentes e muito subtilmente lá nos foi manipulando, pedindo p/ que Sua Excia o Sr. Embaixador ficasse à n/ frente quando chegasse; a camarada Orlanda bem dizia que não, que éramos todos iguais, mas de facto quando o Sr. Embaixador chegou, acompanhado p/ sua esposa, lá foi direitinho p/ a m/ frente.

Eu não me admirei, pois sabia que o Embaixador e outros funcionários teriam necessidade de serem os primeiros e por isso lá fui conversando c/ a Sra. Embaixatriz, muito simpática, também cumprimentou pessoalmente toda gente, enquanto o n/ Embaixador passava dizendo um “Bom dia” muito discreto e lá ficou todo o tempo entregue ao s/ télélé, tal qual esses grandes jogadores de futebol, que p/ evitar os adeptos ou estão c/ os ouvidos tapados c/ auscultadores, ou estão pendurados ao telemóvel; mas a Sra. Embaixatriz, lá foi-me contando, que falta pouco p/ regressar, que a escolha do s/marido que não é da carreira diplomática mas sim política poderia não voltar a acontecer, mas sempre de uma forma muito política, ela sim a verdadeira Embaixadora (será que lá em casa também é assim?

Lembrei-me muito do m/ querido Alto Comissário em Londres, António Gumende, muito humilde e afável, muito diferente do Miguel Akaíma, o ex-Ministro da Cultura do Governo do Presidente Chissano. São 8horas em ponto e a simpática Élia da Comissão de Eleições abre o caminho p/ a mesa de votação; à minha frente o Sr. Embaixador, depois a sua esposa e pensava eu que iria a seguir, mas tal não aconteceu: uma senhora que dizia ter uma criança de 1 ano à sua espera tinha que ter prioridade, assim como outro compatriota c/ dificuldades de mobilidade passaram à frente, tudo bem, compreendi e apoiei; mas pensam que eu seria o seguinte?

Nada disso! Depois vem o motorista do Sr. Embaixador, porque tem que acompanhar Sua Excia; depois vem o Capitão Banguine, adido militar que está cheio de pressa, pois tem que ir ao Ministério da Defesa, mas lá ia dizendo que hoje não trabalhava, era dia p/ festejar; depois foi a vez do Saíte, pois tinha que seguir p/ o Porto, onde seria Fiscal; depois e então só depois é que chegou a minha vez.

Quantos passaram-me à frente? Até perdi a conta, mas estava bem disposto e numa boa e até me deu gozo ver aquela encenação toda (caso contrário não teria agora material p/ vos contar, não é?);no meio disto tudo, o Ministro Conselheiro Alberto M. Augusto, que tinha chegado pouco depois das 8h, vigiava toda a movimentação na sala, será que ele já tinha também votado?

Não cheguei a aperceber-me porque finalmente chegou a m/ vez. Entrei na Sala e lá estava o Elias, Presidente da mesa que me manda levantar as mãos! “Mãos ao ar!!!”; pois lá levantei as mãos e depois foi c/ muito orgulho que ouvi o m/ nome soar na sala toda, a declaração do m/nome e do número do m/ cartão; levantei os boletins (xi, tanto Boletim ali em cima da mesa, não seria fácil lançar alguns nas urnas? Não, claro que não estavam muitos “vigilantes” isso não iria acontecer!) e pronto votei!

O boletim de Voto p/ Assembleia tinha apenas 3 Partidos: Renamo, Frelimo e PT/Ecologista. Depois de depositar os m/ 2 boletins, de novo a simpática Élia mergulhou o m/ dedo indicador nessa tinta indelével, que bem lavo até agora (puxa, não vou apanhar a suína de tanto lavar as mãos, não senhor!) e depois fui-me embora, aliviando toda a ansiedade e angústia ao longo destes 45 dias de campanha, de longe, mas tão real de um momento p/ o outro;

Liguei p/ meu amigo Rui Matias na África do Sul que hoje também faz anos, desejei-lhe muitas felicidades e relembrei-lhe a importância deste dia; fui almoçar c/ meus filhos na Nau do Restelo, junto à Torre de Belém onde se iniciou toda esta história há mais de 512 anos; o caril de camarão e o sarapatel estavam óptimos, depois a bebinca e o “barfi” p/ rematar, contando toda esta minha epopeia aos m/ filhos, que assim poderão seguir-me neste direito de cidadania! Para vocês todos, continuação de um óptimo dia, muita festa e alegria e que este dia seja marcado na nossa recente história!!

Abração

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