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Eleições no Uruguai: Mujica e Lacalle disputarão segundo turno

O ex-guerrilheiro José Mujica, candidato da coligacão de esquerda no poder, a Frente Ampla, ganhou o primeiro turno da eleição presidencial no Uruguai com 47% a 49% dos votos, mas terá de disputar um segundo turno contra o liberal Luis Lacalle no dia 29 de novembro, segundo pesquisas divulgadas pela TV.

De acordo com estas pesquisas, Mujica não obteve os 50% dos votos necessários para evitar a realização de um segundo turno. O ex-presidente Lacalle, candidato do Partido Nacional (PN), reuniu 28% a 31% dos votos. A batalha do segundo turno pode complicar-se se o outro candidato de centro-direita, Pedro Bordaberry, do Partido Colorado (PC), decidir apoiar Lacalle.

Segundo as pesquisas, Bordaberry obteve entre 17% e 18% dos votos. O PN e o PC já se aliaram várias vezes no passado para derrotar a Frente Ampla, que chegou ao poder pela primeira vez em 2004. Mais de 2,5 milhões de eleitores foram convocados às urnas neste domingo para designar o sucessor de Tabaré Vázquez, o primeiro presidente de esquerda da história do Uruguai, que não podia se candidatar novamente.

Os resultados definitivos do pleito serão divulgados segunda-feira pela manhã, informou a Corte Eleitoral à AFP. Em sua primeira entrevista coletiva após a votação, Mujica disse que a sociedade “exige a realização de um segundo turno”. “A sociedade exige que façamos mais um esforço, que participemos de um segundo turno”, disse Mujica ao lado de seu companheiro de chapa, o ex-ministro da Economia Danilo Astori. “Estou muito feliz (com a realização deste segundo turno) porque sou um homem de luta. Desde que estou na política, nunca ninguém nos deu nada de presente”, ainda afirmou o ex-guerrilheiro.

Sobre a composição do Parlamento, os institutos de pesquisa anteciparam que a Frente Ampla pode ficar em minoria na Câmara baixa. No Senado, haveria um resultado de igualdade com a oposição. Além disso, a Lei de Caducidade, que evitou processos por violações aos direitos humanos durante a ditadura militar no Uruguai (1973-1985), será mantida, segundo duas pesquisas de boca-de-urna realizadas pouco depois do referendo deste domingo.

Entre 47,7% e 48,3% dos eleitores votaram “sim” à proposta de reforma constitucional destinada a suprimir a Lei de Caducidade, que impediu durante muito tempo o julgamento de militares e policiais culpados de violações dos direitos humanos entre 1973 e 1985. Eram necessários pelo menos 50% dos votos para revogar a lei. “Podemos afirmar com quase 100% de certeza que a Lei de Caducidade será mantida”, declarou Oscar Bottinelli, do instituto de pesquisas Factum, à rede de televisão Canal 4, afirmando que o “sim” obteve 47,7% dos votos.

Segundo Ignacio Suazbanar, do instituto de pesquisas Equipos Mori, 48,3% dos eleitores votaram “sim” à proposta de anular a Lei de Caducidade. De acordo com os partidários do “sim”, a anulação devia permitir a reabertura de todos os processos arquivados por causa desta lei aprovada em 1986, que obriga os juízes a consultar o Executivo antes de processar membros das forças da ordem.

Somente dez policiais e militares foram condenados por crimes perpetrados durante a ditadura, que deixou 231 desaparecidos no Uruguai e no exterior, segundo a Comissão da Paz, criada pela presidência em 2000. Assim como os resultados da eleição presidencial, os resultados oficiais do plebiscito serão conhecidos segunda-feira pela manhã, destacou a Corte Eleitoral à AFP.

Em mais um revés para a coalizão de esquerda no poder, o outro projeto submetido a referendo neste domingo, sobre o direito de voto dos uruguaios que vivem no exterior, também foi rejeitado pelos eleitores.

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