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Elefantes famintos saqueiam celeiros em Funhalouro

Os residentes do distrito de Funhalouro enfrentam uma séria ameaça de crise alimentar, na sequência dos ataques protagonizados por elefantes problemáticos que saqueiam os celeiros domésticos donde retiram os excedentes para o seu auto-sustento.

As incursões dos paquidermes são bastas vezes motivadas pela falta de capim nas savanas, bem como o facto de as folhas das árvores estarem secas durante quase todo o ano, agravando a fome dos animais bravios, que acabam recorrendo aos celeiros das comunidades em busca da sobrevivência.

Funhalouro, no extremo centro-norte da província meridional de Inhambane, dista a 237 quilómetros da capital provincial, tem uma população estimada em pouco mais de 37 mil habitantes, que não obstante as condições climatéricas bastante extremas ainda pratica uma certa actividade agrícola para garantir a subsistência das comunidades.

A agricultura constitui uma activi- dade rara em Funhalouro, pelo facto de a região possuir um clima semi-árido caracterizado por chuvas irregulares ao longo do ano.

Aliada a falta de pluviosidade, está também o facto de o distrito não ser atravessado por nenhuma bacia hidrográfica (nacional ou internacional).

Afonso Machungo, administrador distrital, disse a AIM que as incursões dos elefantes estão preocupar as autoridades locais, porque além de colocar as comunidades em risco de fome na sequência da perda dos seus excedentes, criam, por outro lado, uma atmosfera de terror no seio das comunidades.

Apesar de não haver até então registo de vítimas mortais, segundo Machungo, os paquidermes estão a multiplicar a frequên- cia dos ataques aos celeiros das poucas famílias que conseguem algum excedente nas campanhas agrícolas.

No incidente registado recentemente no povoado de Tchave, localidade de Manhiça, o indivíduo a quem foi confiada a arma destinada a afugentar os animais alvejou acidentalmente um filhote dos paquidermes, situação que enfureceu ainda mais os animais que, além de vir em busca da comida, também invadiam o povoado numa atitude retaliatória.

“O acidente ocorrido na ocasião, em que um filhote foi atingido, aborreceu muito os animais, que além de ir procurar comida também procuravam se vingar, destruindo igualmente as habitações, na maioria dos casos, feitas de material precário”, explicou o administrador.

As autoridades distritais suspeitam que os animais atravessam Manhiça quando vão explorar os lagos temporários de água, na zona limite entre os distritos de Panda e Massinga. Funhalouro é um distrito próximo da Reserva Nacional de Zinave, distrito de Mabote, na província de Gaza, e do Parque Nacional do Limpopo (PNL), outro viveiro da fauna bravia.

Aquele distrito tem uma histórica presença de animais bravios. Aliás, em tempos recuados, na estrada que estabelece a ligação com o distrito da Massinga havia um local muito arenoso, denominado “cova do leão”.

O areal enterrava os carros e aí eles saiam da cova e mordiam os passageiros a bordo. Funhalouro possui uma população de bovinos calculada em 50 mil cabeças, a maior de toda a província, mas a falta da água de que se ressente mina os esforços para o seu abeberamento.

O precioso líquido tirado dos furos é, bastas vezes, rejeitado pelos animais por causa do teor salobre, que é resultado da elevada presença do calcário no subsolo do distrito.

A Direcção Nacional de Águas (DNA) entregou parcialmente, em Julho último, dois reservatórios de água com capacidade para 70 mil metros cúbicos (35 mil cada), que passarão pelo seu primeiro teste logo que a época chuvosa começar, dado que a expectativa de todos é que ela caia em qualidade suficiente, não só para aferir a sua funcionalidade, mas também aliviar o sofrimento da escassez da água.

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