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Electricidade volta a ficar mais cara, pelo terceiro ano consecutivo pagam mais os consumidores domésticos em Moçambique

Electricidade volta a ficar mais cara

Foto de Adérito CaldeiraPelo terceiro ano consecutivo a energia volta a ficar mais cara em Moçambique, nas novas tarifas que entram em vigor nesta terça-feira(15) o maior aumento percentual é para os grandes consumidores da Electricidade de Moçambique(EDM), 33,4%, porém quem sofre novamente o maior agravamento nominal são os consumidores domésticos, mais de 2 meticais por cada Quilowatt-hora(kWh). Um dos motivos deste novo aumento é que Cahora Bassa é “nossa” mas os seus clientes preferenciais não são os moçambicanos e por isso a EDM que tem de comprar energia mais cara às centrais privadas de energia a quem deve mais de 10,5 biliões de meticais. Paradoxalmente a tarifa para os mais pobres só beneficia cerca de cinco mil clientes e nem os agricultores usam a tarifa reduzida que lhes é destinada.

Dez meses após o último aumento a EDM volta a agravar as suas tarifas com as justificações habituais, aproximar gradualmente a tarifa aos novos custos de aquisição de energia nas centrais eléctricas privadas e investimentos na expansão da rede nacional. É que embora a Hidroeléctrica de Cahora Bassa(HCB) seja “nossa” a verdade é que o principal cliente não são os moçambicanos mas antes os sul-africanos e zimbabweanos.

Apenas cerca de 25% da energia que tem sido produzida pela HCB é vendida à EDM o que deixa a estatal de distribuição de energia em défice energético para os seus aproximadamente 2 milhões de clientes, domésticos e empresas. Ainda assim a estatal de distribuição de energia devia a 31 de Dezembro de 2016 mais de 5,6 biliões de meticais a Hidroeléctrica de Cahora Bassa.

Para colmatar o défice a Electricidade de Moçambique é obrigada a comprar energia à África do Sul, de que de certa forma revende por dez vezes mais o que compra na HCB, e às privadas Central Térmica de Ressano Garcia, a Gigawatt Moçambique, a Central Termoeléctrica Flutuante de Nacala e a a Aggreko Africa, cujos preços são mais do que o triplo dos praticados pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa.

Por causa destes negócios que aparentemente não são lucrativos a EDM devia, a 31 de Dezembro de 2016, pouco mais de 4 biliões de meticais à Central Térmica de Ressano Garcia, 2,7 biliões de meticais à Gigawatt Moçambique, mais de 2,5 biliões de meticais a Central Termoeléctrica Flutuante de Nacala, e ainda mais de 1,3 bilião de meticais a Aggreko Africa.

Consumidores domésticos novamente sofrem maior aumento de electricidade

Foto de Adérito CaldeiraOs consumidores domésticos do sistema pós-pago voltam a ser os mais penalizados pela estatal de energia principalmente aqueles que consomem mais do que 500 kWh mensais, o mesmo que dizer uma família de classe média alta urbana composta por quatro pessoas. Pagavam 6 meticais e vão agora pagar 8,11 meticais por kWh.

Outro segmento que volta a ser penalizado, tal como nos aumentos de Novembro de 2016, é dos clientes domésticos do sistema pós-pago que consomem entre 301 a 500 kWh por mês que vão passar a pagar 7,73 meticais contra os anteriores 5,72 meticais por kWh.

Também os clientes do sistema pré-pago, Credelec, sofrerão um dos maiores aumentos nominais, 1,81 meticais, passando a pagar 6,95 meticais por kWh.

Em contrapartida, os grandes consumidores da Electricidade de Moçambique, embora sofram o maior aumento percentual, 33,4%, virão o custo por kWh agravar-se somente 1,57 meticais.

Eis as novas tarifas de energia:


Categoria

TARIFA DOMÉSTICA

Variação

% Aumento

Preço antigo

Preço novo

0 a 300 kWh

4,04

5,46

1,42

26,01%

301 a 500

5,72

7,73

2,01

26,00%

Superior a 500

6

8,11

2,11

26,02%

Credelec

5,14

6,95

1,81

26,04%

GRANDES CONSUMIDORES D BAIXA, MÉDIA ALTA TENSÃO

Grandes consumidores

3,13

4,7

1,57

33,40%

Média tensão

2,78

4,06

1,28

31,53%

Alta tensão

2,66

3,99

1,33

33,33%

Muito poucos moçambicanos usam tarifa agrícola e social

Entretanto a EDM manteve inalterada, em 1,07 meticais, a denominada “tarifa social”, para os clientes de baixa renda que consomem somente entre 0 e 125 kWh. Contudo existem somente cerca de cinco mil clientes neste escalão.

Foto de Adérito Caldeira“Os clientes da tarifa social ao longo de tempo movimentam-se para tarifa doméstica pois em pouco tempo acabam consumindo mais de 100 kWh por mês” revelou ao @Verdade a empresa estatal acrescentando que com vista a aumentar o volume de clientes imediatamente elegíveis o actual ajustamento incrementou também o escalão de consumo de 100 kWh/mês para 125 kWh/mês “com vista a beneficiar o maior número da população”.

De acordo com a Electricidade de Moçambique “ao longo do tempo mais de 200 mil clientes beneficiaram-se da tarifa social”.

Um outro outro escalão de preços que visa beneficiar um sector importante para o desenvolvimento do país é “tarifa agrícola” que também não sofreu nenhum aumento para os clientes da Baixa Tensão e aumentou de 1,93 meticais para 2,51 meticais para os agricultores que consomem Média Tensão.

Todavia o maior sector produtivo do país com milhões de agricultores não parece fazer uso dessa tarifa, o @Verdade apurou junto da EDM que existem somente 217 clientes que dela beneficiam, 104 consumidores de baixa tensão e 113 de média tensão.

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