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Egito estende eleições presidenciais para ajudar o ex-chefe do Exército

As eleições presidenciais do Egito foram estendidas em um dia, esta terça-feira (27), na tentativa de compensar o baixo comparecimento às urnas que ameaça minar a credibilidade do candidato favorito, o ex-chefe do Exército Abdel Fattah al-Sisi.

Depois de Sisi ter pedido uma participação recorde dos eleitores, o baixo comparecimento seria visto dentro e fora do país com um revés para o marechal, que depôs o primeiro presidente eleito do Egito, o islâmico Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana.

A votação de dois dias deveria terminar, esta terça-feira às 16h, mas foi estendida para quarta-feira para permitir que “o maior número possível” de pessoas vote, relatou a mídia estatal.

Sisi só enfrenta um concorrente: o esquerdista Hamdeen Sabahi, que ficou em terceiro lugar no pleito de 2012 e foi considerado um azarão na corrida contra o militar, que se tornou popular depois de pôr fim ao único e polémico ano de Mursi no poder.

“Eu ia votar em Sisi porque ele vai ser o presidente de qualquer jeito, e porque sou grato a ele por tirar a Irmandade do poder”, disse Hani Ali, de 27 anos, que trabalha no sector privado.

“Mas agora não vou mais, uma vez que sinto que as pessoas estão infelizes com o caos dos últimos meses e não são tão pró-Sisi quanto eu pensava”. As filas nas secções eleitorais de várias partes do Cairo eram curtas, e em alguns locais não se viam eleitores nesta terça-feira.

Mostrando sinais de pânico, o governo apoiado pelos militares fez um esforço claro para estimular o voto declarando feriado, esta terça-feira. O Ministério da Justiça afirmou que os egípcios que não votarem serão multados, e as passagens de trem foram liberadas para incentivar os eleitores.

A mídia local leal ao governo repreendeu o público por não comparecer em grande número, e um proeminente comentarista de TV disse que aqueles que não votam são “traidores”.

O comparecimento nas eleições de 2012, vencidas por Mursi, foram de 52 por cento – nível que o pleito acctual precisa de superar para que Sisi desfrute de legitimidade política, afirmou Hassan Nafaa, professor de ciência política da Universidade do Cairo.

Caso contrário, ele terá fracassado em “ler o cenário político, e o seu erro de cálculo tem que ser corrigido através da reconciliação”, disse. Sisi pediu um comparecimento de 40 milhões de pessoas, ou 80 por cento do eleitorado.

Os apoiantes do militar vêem-no como uma figura decisiva que pode livrar o Egito dos três anos de tumultos, mas a oposição islâmica vê-o como a mente por trás de um golpe sangrento, e a repressão ampla contra dissidentes alienou muitos outros cidadãos.

Sisi foi visto por muitos como a mais poderosa figura do governo interno, que reprimiu violentamente a Irmandade Muçulmana e levou os seus líderes a julgamento sob acusações que implicaram a pena de morte.

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