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Eduardo Mondlane nasceu há 91 anos

Eduardo Mondlane nasceu há 91 anos

O arquitecto da unidade nacional morreu aos 48 anos e oito meses. Eduardo Chivambo Mondlane, o fundador da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), uniu três movimentos para libertar o país do jugo colonial português. Nasceu no século XX, a 20 de Junho de 1920, altura em que os moçambicanos sentiam na pele a dominação colonial. Ainda não havia países africanos independentes e a FRELIMO ainda não nascera.

Filho de Mwadjahane Mussenganhane Mondlane, um chefe tradicional, e de Makungu Muzumasse Mbembele, Eduardo Mondlane nasceu no dia 20 de Junho de 1920, na aldeia de Mwadjahane, distrito deManjacaze, província de Gaza. Aos dois anos, tornou-se órfão de pai e passou os primeiros anos da sua infância sob os cuidados da sua mãe e de outras duas viúvas do seu pai.

Fez o ensino primário na Missão Presbiteriana Suíça, em Maússe e Coolela. Antes de começar a estudar, Mondlane foi pastor de gado até aos 10 anos. Depois de concluir o ensino primário, ruma à África do Sul, onde frequenta o ensino secundário numa escola também pertencente à Missão Presbiteriana Suíça. Naquele país, tornou-se um membro activo do Núcleo dos Estudantes Secundários de Moçambique (NESAM).

Anos depois consegue ingressar na Universidade de Lisboa. Porém, a sua passagem pelas terras lusas foi curta devido às perseguições políticas típicas do contexto em que se vivia na altura.

Com o financiamento da Igreja Presbiteriana Suíça, consegue concluir o nível de Doutoramento em Sociologia e Antropologia pela Northwestern University, dos Estados Unidos da América.

Mercê do seu brio e dedicação, foi convidado a fazer parte dos quadros da Organização das Nações Unidas (ONU), onde trabalhou no Departamento de Curadoria como investigador dos acontecimentos que levaram alguns países africanos a alcançar a independência, e leccionou também as cadeiras de História e Sociologia na Universidade de Syracuse, na cidade de Nova York.

Na década de ´50, tenta convencer Adriano Moreira, ministro português responsável pela pasta das colónias do regime de Salazar de 1961 a 1963, que o convidara a juntar-se à máquina colonial, da necessidade de Portugal seguir o exemplo das outras potências europeias que tinham concedido a independência às suas colónias africanas sem recorrer à luta armada.

Participação na luta de libertação nacional

Em 1961, a convite da Missão Suíça, visita Moçambique na qualidade de funcionário das Nações Unidas. Depois dessa breve estadia na antiga colónia, decide abdicar da sua condição de funcionário sénior da ONU e passa a interessar-se pela luta de libertação nacional. Tal decisão levou-o a manter contactos com grupos nacionalistas após os quais teve a certeza de que as condições para a criação de um movimento de libertação estavam criadas.

Existiam, nessa altura, três grupos distintos que tinham como objectivo a libertação de Moçambique, nomeadamente UDENAMU (União Democrática Nacional de Moçambique), MANU (Mozambique African Nactional Union) e UNAMI (União Nacional para Moçambique Independente). Estes movimentos tinham tentado, sem sucesso, um entendimento não violento com as autoridades portuguesas.

Unir as três forças foi uma tarefa árdua para Mondlane porque, para além de terem as suas sedes em países diferentes, elas possuíam uma base social e étnica diferente. Mondlane incute neles a ideia de que só a unidade permitiria a derrota do colono.

Com o apoio de Julius Nyerere, então Presidente da Tanzânia, os três movimentos nacionalistas deram lugar a um só grupo de âmbito nacional, a Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO. Esta foi criada no dia 25 de Junho de 1962, na Tanzânia e Eduardo Mondlane foi eleito primeiro presidente tendo Urias Simango ocupado o cargo de vice-presidente.

Aquando da criação da frente nacionalista, Mondlane já estava ciente de que o único meio de Moçambique alcançar a independência era a luta de libertação. Para tal, cria estratégias e busca apoio para a sua materialização. O esforço por si empreendido culminou com o envio do primeiro grupo de guerrilheiros à Argélia para serem treinados. Desse contingente fazia parte o primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Moisés Machel.

O segundo grupo foi treinado na Tanzânia, onde foi instalado o Instituto de Moçambique, uma escola que leccionava o ensino secundário.

Durante o II Congresso da FRELIMO, que teve lugar em Julho de 1968, em Matchedje, uma das zonas libertadas da província do Niassa, Mondlane foi reconduzido ao cargo de presidente e Urias Simango ao de vice-presidente.

No encontro foram reafirmadas as directrizes do movimento, inspiradas na visão de Mondlane, cujo objectivo era a luta pela independência total e completa de Moçambique.

Morte

Eduardo Mondlane morreu no dia 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salam, Tanzânia, vítima de uma encomenda armadilhada supostamente pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), polícia secreta portuguesa. A dúvida sobre o autor da sua morte nunca foi esclarecida. Mondlane era casado com Janeth Mondlane e tinha três filhos.

O seu sonho era ver um Moçambique livre do colonialismo português e próspero. Essa ideia é sustentada pela obra da sua autoria, intitulada Lutar por Moçambique, onde explica minuciosamente o funcionamento da regime colonial e os passos que o país devia seguir para a construção de uma sociedade desenvolvida. Esta obra foi compilada e publicada meses depoisda sua morte.

Após o seu desaparecimento físico, Eduardo Mondlane foi sucedido, em 1970, por Samora Moisés Machel. Em reconhecimento do seu papel na condução da luta de libertação de Moçambique, o dia 3 de Fevereiro, dia da sua morte, é considerado dia dos heróis nacionais.

Local da morte: contou-se a verdade ou o que convinha?

Passados 42 anos após a sua morte, muitas versões em relação ao local da sua morte são veiculadas tanto pelos membros do partido do qual foi primeiro presidente, assim como por investigadores, o que aumenta ainda mais as dúvidas em relação à nossa história.

Durante muitos anos a versão que era transmitida (diga-se oficial) era de que Mondlane tinha morrido no seu escritório, localizado em Dar-es- -Salam, na Tanzânia, mas este dado foi posta em causa durante as cerimónias centrais do 37º aniversário da sua morte.

Os novos factos indicam que Mondlane terá morrido na residência de Bety King, secretária da sua esposa, Janeth Mondlane, que se encontrava, na altura, em digressão pela Holanda.

A residência de Bety King localizava- -se há mais de quinze quilómetros do edifício onde funcionava a sede da FRELIMO em Dar-es-Salaam, Tanzânia, local onde, segundo foi oficialmente veiculado, se deram os factos. Esta informação é confirmada pela sua filha, Nyeleti Mondlane, numa entrevista que esta concedeu ao nosso jornal, na edição do dia 31 de Janeiro de 2010.

Embora tenha suscitado dúvidas, a versão segundo a qual Mondlane teria morrido na residência de Bety King ainda não foi confirmada nem refutada oficialmente.

Caso a segunda seja considerada verdadeira, será necessário proceder-se à alterações de conteúdo em todos os manuais e livros de História, pois durante muito tempo o que era ensinado nas escolas era que Mondlane morreu no seu escritório e não na residência da secretária da sua esposa.

Quem era Bety King?

Segundo Nyeleti Mondlane, Bety King era uma cidadã norte-americana que trabalhava para o African American Institute (AAI), uma organização não-governamental que simpatizava com a causa independentista defendida pela FRELIMO.

Mondlane estava à procura de alguém que pudesse ajudar a sua esposa, Janeth, na organização do Instituto Moçambicano e foi-lhe sugerido o nome de Bety King. Foi assim que esta passou a ser secretária de Janeth Mondlane.

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