Fui ao lançamento, na passada terça-feira, do ‘Grande Prémio de Jornalismo SNJ-Vodacom’, “o maior concurso anual que premeia diversas áreas do Jornalismo Moçambicano”, assim se lê na nota de imprensa distribuída aos profi ssionais de comunicação social. Este galardão vai na 4ª edição e resulta de uma parceria entre o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) e a referida operadora de telefonia móvel. Por isso, lado a lado, estiveram sentados na sessão de lançamento uma representante da Vodacom e o secretário-geral do SNJ, Eduardo Constantino.
Após as dissertações da praxe, em que se falou da contribuição do prémio para o reforço de um jornalismo credível, sério e independente – o secretário-geral do SNJ chegou mesmo a afirmar que o montante do prémio poderia tornar o jornalista menos dependente -, passou-se ao regulamento. Aí, atentei melhor nas datas e não escondi a minha estupefacção ao verificar que os trabalhos candidatos ao prémio não cobriam o espaço temporal de um ano.
Só os trabalhos publicados entre o dia 24 de Novembro de 2010 e 30 de Agosto de 2011 seriam analisados pelo júri. De fora ficavam (ficam) os meses de Setembro, Outubro e grande parte do mês de Novembro. É preciso esclarecer, desde já, que nos anos anteriores estes meses também não foram contemplados, pelo que longe de mim pensar em teorias da conspiração neste caso.
Mas é óbvio, dado o rol de qualidades apregoadas pelos promotores do galardão, que os trabalhos jornalísticos do mês de Setembro, especifi camente deste mês de Setembro (2010), deviam ter sido abrangidos. Compreendo os argumentos apresentados pelo SG do SNJ – os jurados só têm possibilidade de reunir duas vezes por mês, anualmente cresce o número de trabalhos, a preparação da gala – mas, seja como for, há excepções e este ano, dada a riqueza dos acontecimentos ocorridos no nono mês do calendário, era imperioso considerar os trabalhos publicados durante esse período.
A exclusão deste espaço de tempo irá, certamente, reduzir consideravelmente o número de trabalhos apresentados a concurso, deixando de fora, muito provavelmente, os melhores e a 4ª edição do “Grande Prémio de Jornalismo” deixa de fazer jus ao nome. Será, desta forma, uma competição coxa, porque se apresentará amputada dos melhores trabalhos. O Prémio – que se gaba de ser o maior no âmbito do jornalismo neste país – fica menor.
Saem igualmente a perder o SNJ e a Vodacom. As excepções existem para quebrar as regras e, se há regra que merece ser quebrada, esta é uma delas, como fi cou provado pelo excelente nível de imagens apresentadas numa exposição que teve lugar na AFM sobre os acontecimentos de 1 e 2 de Setembro do ano passado. E estou só a falar de imagens fotográfi cas. A isto haveria ainda que acrescentar os textos publicados na imprensa e as peças radiofónicas e televisivas.
Apelo a quem decide, a bem da liberdade de imprensa e da criatividade jornalística, para que abra este ano uma excepção e inclua o mês de Setembro de 2010. Deste modo, o SNJ prestaria um grande serviço à classe que representa. Salvaguardem as devidas proporções entre os países e digam-me se conseguem imaginar um prémio semelhante nos EUA no ano de 2001que excluísse o mês de Setembro! Não conseguem, pois não? Eu também não.