O PIB do Japão registrou contração de 4% de janeiro a março de 2009 na comparação com o trimetre anterior, com uma assustadora queda de 15,2% em relação ao mesmo período de 2008, sofrendo assim seu quarto retrocesso consecutivo, situação grave que não acontece no arquipélago desde a Segunda Guerra Mundial, informou nesta quarta-feira o governo japonês.
Esta severa contração está dentro das projeções dos analistas, alguns dos quais consideram que a segunda economia mundial já chegou ao fundo do poço, e que pode começar a se recuperar ainda este ano. No entanto, o governo revisou para baixo os dados do último trimestre de 2008, quando o PIB registrou uma queda de 3,8% em relação ao período anterior; a primeira estimativa era de queda de 3,2%.
A contração do PIB no ano fiscal (que vai de abril a março e serve como referência no Japão foi de 3,5%; O recuo interanual do primeiro trimestre é maior que o sofrido pelo Japão no primeiro trimestre de 1974, em plena crise do petróleo (-13,1%).
O primeiro-ministro Taro Aso admitiu que o país, em recessão desde o segundo trimestre de 2008, atravessa “uma situação econômica grave”, que se reflete em todos os setores, desde os resultados das empresas às vendas no varejo.
Para o atual ano orçamentário, as projeções não são melhores: a contração deve chegar a 3,1%, segundo o Banco do Japão, e a 3,3%, segundo o Banco do Estado. Isso se deve principalmente ao forte golpe sofrido pelos dois motores da economia japonesa: as exportações, prejudicadas pela recessão mundial, e o consumo interno. A demanda interna de empresas, famílias e entidades governamentais caiu 2,5% no primeiro trimestre em relação ao anterior.
As exportações despencaram 26%, e os investimentos corporativos, 10,4%. Alguns especialistas acreditam, no entanto, que a economia se estabilizará em breve, e que voltará a crescer já neste trimestre. “A economia japonesa chegou ao fundo do poço no primeiro trimestre, e o ritmo da contração deve diminuir a partir do segundo”, estimou Glenn Maguire, economista chefe na Ásia do banco francês Société Générale.
Outros, no entanto, são mais cautelosos. “Não é certo que tenhamos alcançado o fundo. É preciso ser prudente, pois o caminho da recuperação pode ser mais longo que o dos Estados Unidos”, disse Masamichi Adach, analista do JP Morgan.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, também advertiu que a recuperação pode ser lenta. “Uma recuperação estável pode acontecer em 2010, mas isso vai depender em grande parte dos prazos e da força da recuperação mundial”, indicou o organismo financeiro multilateral em um comunicado.