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‘@Verdade EDITORIAL: É preciso termos medo da “continuidade”

Quando Armando Guebuza assumiu a Presidência da República, encheu de esperança os moçambicanos, fazendo-os acreditar que o rumo dos acontecimentos no país começaria a ganhar novo fôlego. Volvido algum tempo, os anseios dos populares foram pautados por inúmeros episódios de sofrimento. Assistimos a diversas situações preocupantes, desde a greve de pão, assaltos à mão armada, engomadores (G20), até aos sequestros.

Os 10 anos de governação de Guebuza não trouxeram melhorias significativas. Ora vejamos: a qualidade da energia eléctrica ainda deixa muito a desejar, a maior parte da população depende da queda das chuvas para ter acesso à água para o seu consumo, as estradas encontram-se em estado deplorável, a falta de segurança na via pública e de habitação é preocupante, o desemprego continua com índices elevados e o transporte público está muito longe de satisfazer a demanda dos cidadãos, a ponto de ser substituído (mal, diga-se) pelos vulgos chapas.

O povo viu o ano de 2014 terminar com muitas situações por solucionar e, pelo andar da carruagem, os problemas do passado continuarão a assombrar os moçambicanos, pois a má gestão da coisa pública e o uso abusivo de poder são ainda palavra de ordem do Governo da Frelimo.

Os dirigentes moçambicanos encontraram no termo ”continuidade” uma canção para acalentar a população. Mas, olhando para o significado desta palavra e para a realidade em que está mergulhado o povo, estes mostram-nos que nos próximos anos continuar-se-á a viver na intempérie.

Há uma preocupação natural no que diz respeito à continuidade! As situações vividas nos anos anteriores semeiam um castelo de dúvidas na consciência dos moçambicanos. A questão que se coloca é: será que a população continuará a viver sem água potável, corrente eléctrica e privada de serviços básicos de saúde?

Contudo, parece não haver dúvidas de que o país continuará a apostar no atraso. Moçambique nunca teve bons índices de qualidade de vida, nem uma economia próspera e controlada e tão-pouco conseguiu ser auto-sustentável na produção de alimentos.

O nosso país importa, anualmente, quase um milhão de toneladas de cereais, o que o torna vulnerável a choques externos, uma vez que a produção nacional permanece incapaz de satisfazer as necessidades do consumo interno.

Certamente, o novo Presidente da República, Filipe Nyusi, não irá fazer grandes coisas, senão dar continuidade às políticas desajustadas que o Governo da Frelimo tem vindo a pôr em marcha há aproximadamente 40 anos.

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