O Ministério da Saúde moçambicano acredita ser “possível eliminar a malária” na região da África Austral, através da coordenação de esforços e mais financiamento, no dia em que apresentou um plano nacional de eliminação da doença.
O secretário permanente do Ministério da Saúde (MISAU), Jorge Tomo, falava na abertura da reunião técnica que, até quinta-feira, junta em Maputo directores e gestores dos programas nacionais de controlo da doença de oito dos Estados membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), nomeadamente Angola, Botsuana, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul e Moçambique, bem como especialistas da área.
Na sua opinião, “é possível eliminar a malária da região”, doença que continua a ser uma das principais causas de morte em Moçambique e nos países membros da SADC.
Apesar de ainda não ter alcançado uma das metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) na área da saúde, relativa à redução, em 50 porcento, do número de casos de malária em todo o país, Moçambique registou menos dois milhões de casos, entre 2007 e 2009.
Para Jorge Tomo, “este é um sinal inequívoco de que é possível reduzir de forma consistente a malária e, quiçá, caminhar para a sua eliminação”.
Porém, acrescentou, persiste o défice de recursos que, no caso moçambicano, não permite alcançar uma cobertura nacional da pulverização intra e extradomiciliária, entre outras acções.
Lacunas financeiras
A reunião vai, por isso, avaliar as lacunas financeiras, a níveis nacional e internacional, bem como os progressos alcançados pela região, desde 2009.
“Precisamos de fazer mais com os poucos recursos de que dispomos, precisamos de coordenar melhor as nossas intervenções e temos exemplos de sucessos quando abordamos a questão da malária de forma conjunta”, defendeu.
Moçambique, por exemplo, já conseguiu alcançar a meta dos ODM relativa à redução, em 50%, do número de óbitos provocados pela doença, referiu a chefe do programa para a malária, do MISAU, Nurbai Calu.
No sentido de conseguir apoios técnicos e financeiros para a sua conclusão, o país vai apresentar aos parceiros da SADC e outras entidades, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), um plano de acção para eliminar a doença em três ilhas: Ilhas do Ibo, de Moçambique (ambas na província de Nampula, Norte) e de Inhaca (província de Maputo, Sul).
Segundo Nurbai Calu, além da educação, pulverização, distribuição de redes mosquiteiras, diagnóstico e tratamento de casos, o plano inclui também uma componente de pesquisa.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) está cometida a apoiar as iniciativas”, garantiu o substituto do representante da OMS, Abdou Moha, que espera que o encontro “traga recomendações claras e um plano de acção concreto” para os países da SADC presentes.