Dirigentes de futebol da América do Sul e Central estão entre as 16 pessoas indiciadas nesta quinta-feira por esquemas de corrupção, envolvendo milhões de dólares, relacionados com direitos de marketing e transmissão, como parte de uma ampla investigação sobre a corrupção no chamado desporto “rei”.
Documentos judiciais mostraram que foram indiciados os presidentes da Conmebol e da Concacaf, dirigentes da Fifa, o actual e um antigo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Rafael Callejas, ex-presidente de Honduras, e Héctor Trujillo, juiz do tribunal constitucional da Guatemala, foram citados no indiciamento.
Uma fonte judicial disse que Trujillo estava de férias nos Estados Unidos. Callejas, que também é ex-chefe da federação de futebol de Honduras, afirmou que estava pronto para se defender no tribunal.
O presidente em exercício da Concacaf, Alfredo Hawit, de Honduras, e o presidente da Conmebol e vice-presidente da Fifa, Juan Ángel Napout, do Paraguai, foram presos numa acção antes do amanhecer pela polícia suíça num hotel em Zurique, perto da sede da Fifa, entidade sob turbulência desde a primeira rodada de indiciamentos e prisões em Maio.
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, afirmou à imprensa em Washington que a corrupção se tornou profundamente enraizada no negócio do futebol. Sobre Trujillo, da Guatemala, ela disse que ele “pretensamente fazia justiça durante o dia, enquanto supostamente pedia propinas e vendia a sua influência na Fifa”.
“A traição de confiança apresentada é verdadeiramente revoltante, e a escala da corrupção alegada aqui é inconcebível”, afirmou Lynch.
Autoridades dos EUA disseram que estavam progredindo na investigação e apontaram as oito pessoas que, desde as prisões de Maio, concordaram em se declarar culpadas.
Os EUA são membros da Concacaf, e foi um antigo dirigente do futebol norte-americano, Chuck Blazer, que se tornou uma importante testemunha após secretamente declarar-se culpado em 2013. Blazer foi secretário-geral da Concacaf e membro do Comitê Executivo da Fifa.
A federação de futebol norte-americana declarou num comunicado sobre as novas acusações que a Taça América de 2016, que o país vai sediar, iria ocorrer como planeado.
A federação disse que o comité criado para organizar o torneio “não inclui esses indivíduos, e eles nunca estiveram numa posição de tomar decisões que resultariam em impacto adverso” para a competição.