Responsáveis pelas instituições moçambicanas do ensino superior reconhecem que existem muitas pessoas no país merecedoras do seu reconhecimento, mas afirmam ser “difícil” atribuir um titulo honorário. Nos últimos anos, o trabalho de diversas p e r s o n a l i d a d e s moçambicanas tem sido reconhecido por universidades estrangeiras. Mas parece que esse esforço é mais visível no estrangeiro do que dentro do país.
A mais recente graduada é a Primeira-Dama da República, Maria da Luz Guebuza, que esta Quarta-feira foi outorgada “Doutora Honoris Causa em Humanidades” pela United Graduate College and Seminary (UGCS), uma instituição académica norte-americana. Falando esta Quartafeira à AIM, o Reitor da Universidade A Politécnica, Lourenço do Rosário, disse que o “Doutoramento Honoris Causa” é raro em Moçambique por não ser um título atribuído a personalidades de forma sistemática.
“É preciso uma observação, análise e discussão antes de se decidir sobre determinados candidatos”, disse ele, sublinhando a importância de se ponderar esses aspectos antecipadamente sob o risco de se atribuir um título que não venha a ter o valor desejado. Rosário disse, por outro lado, que as universidades moçambicanas ainda são jovens e se essas atribuíssem algum título honorário a uma personalidade pode não ter o devido reconhecimento.
Por sua vez, o Reitor da Universidade Pedagógica (UP), Rogério Uthui, considera que o “Doutoramento Honoris Causa” não é um grau muito comum no país e o processo de sua atribuição a uma personalidade é bastante longo. “No nosso país há muita gente que trabalha e que merece reconhecimento”, disse Uthui, manifestando a sua expectativa em, no futuro, haver mais moçambicanos reconhecidos pelas instituições do ensino superior do seu próprio país.
O Reitor da UP (instituição pública responsável pela formação de professores) explicou que a raridade dos títulos de “Doutor Honoris Causa” em Moçambique tem a ver com o facto de a maioria das universidades locais não leccionarem cursos de Doutoramento. “Quando tivermos o Doutoramento, sem dúvidas, vamos reconhecer as nossas personalidades”, disse ele, afirmando que, mesmo assim, existem personalidades com títulos honorários atribuídos por universidades moçambicanas.
Um dos exemplos é o artista plástico Malangatana Valente Ngwenya, que no ano passado recebeu o título de “Doutor Honoris Causa em Arte, Comunicação e Linguagem” atribuído pela Universidade A Politécnica. Outras personalidades moçambicanas já reconhecidas ao nível do seu país são a activista Graça Machel (viúva do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, e esposa do antigo estadista sul-africano, Nelson Mandela), o antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, e a campeã olímpica dos 800 metros, Lurdes Mutola.
A UP já reconheceu recentemente o vice-presidente da Universidade do Porto, António Marques, em reconhecimento do seu apoio para a formação de quadros da faculdade de Educação Física e Desportos. A Politécnica promete atribuir títulos honorários a algumas personalidades nacionais em reconhecimento dos seus feitos, mas tal só vai acontecer a partir do próximo ano.