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Diário de Che sobre a revolução cubana reunido em livro

Che Guevara, se fosse vivo, faria esta terça-feira 83 anos, e o aniversário está a ser celebrado em Cuba com o lançamento de “Diário de um Combatente”. São as notas escritas pelo guerrilheiro enquanto liderava a revolução na Sierra Maestra.

A bordo da embarcação Granma, com outros 82 guerrilheiros a bordo, Ernesto Che Guevara chegou a 2 de Dezembro de 1956 à praia cubana de Las Coloradas. Passariam mais de dois anos até que conseguisse, com Fidel Castro, derrubar a ditadura de Fulgencio Batista. Durante esses dias, enquanto pegava em armas e liderava a revolução na Sierra Maestra, foi tomando notas, escrevendo testemunhos e memórias de um momento histórico.

São essas notas que agora são publicadas em Cuba, em “Diário de um Combatente”, uma obra coordenada pelo Centro de Estudos Che Guevara dirigido pela viúva do guerrilheiro, Aleida March, e publicada pela editora australiana Ocean Press/Ocean Sur. Ao longo de 303 páginas, que culminam com o triunfo da luta armada a 1 de Janeiro de 1959, “todos os acontecimentos são narrados por aquele que foi um dos seus grandes protagonistas.”

Quem leu “Passagens da Guerra Revolucionária” não encontrará revelações extraordinárias – foi nestas mesmas notas que Che Guevara se baseou para escrever este livro. Mas, apesar de muitos dos textos já serem conhecidos, faltava uma obra em que estivessem juntos para que se pudessem percorrer todos os blocos de notas de Che. Ou quase todos.

Um grupo de blocos de notas, relativo a vários meses de luta armada, nunca veio parar aos arquivos do Centro de Estudos Che Guevara e não se sabe onde estará, recorda o diário espanhol “El País”. Apesar dessa falta, em “Diário de um Combatente” estão agora as observações e comentários, os relatos de combates, sucessos e escaramuças que marcaram a história da revolução cubana.

São notas dispersas, escritas a pensar num uso pessoal e não na publicação, adverte a editora. E são também relatos de um primeiro contacto com Cuba que, até então, Che Guevara só conhecia pelos olhos de Fidel Castro e do seu irmão e actual Presidente cubano, Raúl Castro, ou outros revolucionários cubanos que conhecera no México.

O tempo da guerrilha não terá permitido muita dedicação à escrita, por isso as notas de Che Guevara foram também revistas para corrigir algumas imprecisões, “como nomes de guerrilheiros ou datas”, contam os responsáveis da editora. Para além disso foi também decidido juntar alguns documentos às notas do guerrilheiro para ajudar a compreender aqueles dias de revolta contra a ditadura em Cuba.

“O testemunho humano de grande valor que resulta desta leitura permite conhecer as percepções de Che sobre a realidade da ilha de Cuba, a sua cultura, identidade e contexto político”, adianta a editora no texto de apresentação do livro.

Che Guevara tinha 28 anos quando desembarcou em Cuba para derrubar o regime de Fulgencio Batista – nasceu em Rosario, na Argentina, a 14 de Junho de 1928. E a revolução começou no mesmo ano em que conheceu Fidel Castro, de cujo Governo veio a ser ministro da Indústria, tendo depois assumido a liderança do Banco Nacional de Cuba.

Foi a luta armada na Sierra Maestra que inspirou o seu manual “Guerra de Guerrilha”, publicado em 1960, e “Passagens da Guerra Revolucionária” (1963).

Em 1965 deixou Cuba e partiu para o então Congo belga (actual República Democrática do Congo), mas voltaria depois a Cuba antes de ir para a Bolívia, onde foi detido e depois assassinado aos 39 anos por um militar boliviano, a 9 de Outubro de 1967, quando comandava um grupo de guerrilheiros. Está sepultado em Santa Clara, a cerca de 280 quilómetros de Havana, num memorial de homenagem aos guerrilheiros da revolução cubana.

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