O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, mandou sequestrar, na noite da última segunda-feira, na província de Nampula, norte de Moçambique, o deputado Mário Naula que vinha a Maputo para tomar posse na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano.
Naula foi sequestrado por homens da guarda pessoal de Dhlakama no Aeroporto Internacional de Nampula, onde devia embarcar com destino a Maputo, para tomar posse no mais alto órgão legislativo na cerimónia solene havida terça-feira na sede do parlamento. Naula seguia de viagem na companhia de Hilário Waite, ambos eleitos pelo maior partido da oposição pelo círculo eleitoral da província do Niassa, norte do país, mas só o segundo conseguiu escapar do sequestro supostamente arquitectado e dirigido por Armindo Milaço, chefe nacional de mobilização do partido da “perdiz”.
Segundo o matutino ‘Notícias”, os dois parlamentares deslocaram-se à cidade capital provincial de Nampula idos de Lichinga, a pretexto de participar na reunião de capacitação promovida pela Renamo, inicialmente agendada para segunda-feira, mas que só ocorreu na terça-feira. A intenção dos deputados era fugir da vigilância cerrada montada no aeroporto de Lichinga para denunciar e abortar o embarque daqueles que se dirigiam à capital do país, para se juntar à investidura do Parlamento, onde são membros de pleno direito, à revelia do partido de Dhlakama, que contesta os resultados do pleito de 28 de Outubro último.
A força policial posicionada no aeroporto de Nampula tentou debalde impedir a consumação do crime contra os parlamentes idos de Lichinga, capital provincial de Niassa. O porta-voz da Renamo e do encontro nacional de Nampula, Arnaldo Chalaua, confirmou a ocorrência do sequestro, afirmando, no entanto, desconhecer as reais motivações do sucedido e refutou que Armindo Milaço tenha participado na operação criminosa.
Chalaua recusou-se também a comentar as possíveis razões que teriam motivado alguns deputados da AR, eleitos pelo seu partido, a optarem por partir via Nampula onde participariam na investidura, porque as respectivas passagens aéreas davam-lhes o direito de viajar a partir dos seus círculos eleitorais. A sessão de investidura do Parlamento foi caracterizada pela ausência de parte dos deputados da Renamo, sendo que dos 51 eleitos no último sufrágio, apenas 16 tomaram posse, juntamente com os membros da Frelimo (186 deputados) e os oito do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
A tomada de posse dos 16 deputados da Renamo constitui um desafio ao líder da Renamo, que tem vindo a dar ordens de boicote à cerimónia de investidura já realizada, em protesto contra os resultados das eleições gerais e provinciais de 2009, que deram vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial, Armando Guebuza. Aliás, no dia 5 de Janeiro do corrente, nove membros das Assembleias Provinciais, eleitos pela Renamo (cinco em Maputo, três na Zambézia e dois em Niassa) tomaram posse contrariando as ordens de Dhlakama.