O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, é esperado sábado na província central de Tete no prosseguimento da sua campanha eleitoral pelo pais com vistas aos pleitos do próximo dia 28. A informação foi revelada na quarta-feira por Albano Bulaunde, delegado político provincial da Renamo em Tete, no encontro de apresentação do balanço dos 30 dias de campanha, em que os militantes da “perdiz” trabalharam na implantação dos alicerces que, segundo eles, vão garantir a vitória nas eleições gerais e às assembleias provinciais do dia 28 do corrente.
Segundo Bulanude, o candidato da Renamo as presidenciais começa a sua visita a Tete a partir do distrito de Mutarara, considerado “bastião” do maior partido da oposição, onde vai dirigir um “showmício” de “consolidação de todo o trabalho feito a nível da base e consagrar a vitória nas eleições”. O roteiro de visita de Dhlakama inclui, alem de Mutarara, a vila municipal de Ulónguè, sede distrital de Angónia, Tsangano, Moatize e termina na cidade de Tete, de onde partirá com destino a Chimoio, província de Manica.
Em relação aos 30 dias de campanha, Bulaunde disse que a mesma foi positiva na medida em que o seu partido conseguiu alicerçar as bases para a “vitória certa e inequívoca” da Renamo tendo, para o efeito, conseguido abordar a universalidade do eleitorado da província de Tete. “O balanço do período de campanha até aqui decorrido é positivo, uma vez que conseguimos abordar 100 por cento dos eleitores e estamos satisfeitos com a receptividade e o calor transmitidos durante essa mesma fase”, disse Bulaunde.
Aliás, Manuel Pereira, delegado da Renamo a nível da cidade, disse, segundafeira, que o seu partido estava já em retrospectiva depois de abordar na totalidade o eleitorado a nível da urbe, assim como nas suas zonas periféricas. A província de Tete tem um universo de 797.576 eleitores, segundo dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) a nível provincial.
A Renamo afirma ter já conseguido contemplar este grande universo e na derradeira fase que se segue as actividades da “perdiz” vão duplicar de intensidade. Contudo, Bulaunde lamenta o que classifica como “atitude antidemocrática” da Frelimo protagonizada, segundo a sua acusação, por Eduardo Mulémbwè, “que tudo faz para impedir as outras forças políticas de exercerem a caça ao voto em todos os locais por onde passa”.
Bulaunde aponta, a título de exemplo, que, depois da passagem de Mulémbwè (a quem apelida de “apostolo de desgraça”) pelo distrito de Mutarara, a convivência política “azedou” e prova disso é, segundo ele, a detenção de 13 membros da Renamo que, por sinal, são delegados de candidatura. “Aqueles que conseguiram escapar estão agora no vizinho Malawi”, alegou. A fonte acusa ainda Mulembwe de ter “espalhado desgraça” no distrito de Chiúta, onde alegadamente Vasco Moiana, chefe provincial dos serviços sociais da Renamo, “teve de sair a correr e refugiarse na cidade de Tete”, porque supostos militantes e simpatizantes da Frelimo “o haviam cercado para dar-lhe uma boa sova”.
O delegado provincial acusa o “cabeça de lista” da Frelimo em Tete de “implantar”, por todos os locais onde passa, “grupos de choque que impedem os outros partidos políticos de exercer as suas campanhas com a devida e necessária tranquilidade, o que considera mau para a jovem democracia moçambicana”. Afirmou que tais episódios têm sido encaminhados as entidades de direito, mas que a Polícia, segundo ele, mostra-se sempre “fiel” ao partido no poder, “porque os processos instaurados apodrecem nos arquivos empoeirados” da corporação sem que, no entanto, haja uma justificação plausível dessa alegada letargia.
“Os processos quando entram vão directamente para o arquivo morto, mas nós informamos a polícia”, disse Bulaunde. Na ocasião, ele lamentou, por outro lado, o facto de alegadamente a Comissão Nacional de Eleições (CNE) não ter ainda divulgado o mapa definitivo das assembleias de voto, situação que mina os seus programas de formação de delegados de candidatura, mas o seu partido já está a administrar essa formação na maioria dos distritos da província.