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“Dhlakama deve deixar de distrair incautos” – deputados da Renamo

Os deputados da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, pela bancada da Renamo e que tomaram posse no passado dia 12 de Janeiro, enviaram ultima Quintafeira, em Maputo, um forte recado ao seu líder, Afonso Dhlakama, segundo o qual ele deve deixar de distrair incautos e encarar com seriedade a realidade das derrotas sucessivas e consecutivas do partido nos actos eleitorais.

Por outro lado, os deputados da Renamo dizem – se agastados com o pronunciamento de Meque Braz, vogal do maior partido da oposição em Moçambique (Renamo) na Comissão Provincial de Eleições na Zambézia, Centro do pais, que os considerou de “traidores” e que seriam alvo de medidas punitivas severas, por se terem apresentado ao acto de investidura como deputados, alegadamente contrariando as ordens de Dhlakama.

O grupo de deputados da Renamo, liderado por Anselmo Victor, aconselha para que não se procurem “bodes expiatórios” para justificar a derrota da Renamo nas eleições e que, no lugar disso, se reflicta, se discuta e se encontrem os verdadeiros responsáveis deste problema. Citado pela edição de hoje do jornal “Noticias”, editado em Maputo, Victor diz que é norma, e de forma repetida, se procurarem “bodes expiatórios” depois de desaires do partido nos últimos pleitos.

Segundo Victor, em 1994 a Renamo e o seu candidato presidencial anunciaram, nas vésperas, a sua retirada do processo eleitoral, para mais tarde virem a concorrer, o que aumentou o número de abstenções, com reflexos negativos para o partido. Já em 1999, segundo a mesma fonte, o “bode expiatório” da derrota eleitoral foi o antigo membro da Renamo, Raul Domingos, que acabou sendo expulso do partido. Em 2004, acrescentou Victor, se identificou um outro “bode expiatório”, Francisco Machambisse, acusado de ter vendido os resultados eleitorais que supostamente favoreciam a Renamo.

Neste momento e no rescaldo das eleições de 2009 “nos parece que o bode expiatório serão provavelmente os deputados que tomaram posse no dia 12 de Janeiro passado”. O que não se sabe ao certo é se serão apenas estes ou todos os deputados da Renamo na AR e membros das assembleias provinciais que já tomaram posse, disse Victor. Ele indicou que na sequência dos resultados eleitorais de Outubro de 2009, a Comissão Politica Nacional da Renamo reuniu-se em III sessão ordinária na cidade de Nampula, Norte de Moçambique, tendo como agenda única a análise do decurso do processo eleitoral.

No acto foi emitido um comunicado condenando a alegada fraude eleitoral havida no escrutínio. Segundo ele, a Renamo assumindo a sua responsabilidade de manter a paz e a estabilidade e o estabelecimento do Estado de Direito e de Justiça Social anunciou que iria liderar manifestações populares pacíficas em todo o território nacional. A partir dessa altura os membros e simpatizantes da Renamo aguardavam pelo início das manifestações o que, segundo a fonte, ainda não aconteceu.

Victor explicou que a CNE anunciou os resultados eleitorais e o partido não reagiu, o que também prevaleceu quando o Conselho Constitucional validou os resultados eleitorais. “Contra todas as expectativas viuse o presidente do partido e vários portavozes transmitindo aos órgãos de comunicação a vertente de que os deputados da AR e membros das assembleias provinciais estavam proibidos de tomar posse nos respectivos órgãos”, disse Victor.

Ele acrescentou que o grupo de que ele faz parte entende que as posições do partido são tomadas ou em sede da Comissão Politica Nacional ou em sede do Conselho Nacional, como órgãos deliberativos no intervalo entre dois congressos. “A decisão dos membros das assembleias provinciais e dos deputados da AR de não tomarem posse não foi de nenhum destes órgãos.

Por arte magica, todos os deputados e membros das assembleias provinciais tomaram posse ante o olhar impávido de quem de direito no partido”, indicou a fonte. Interrogado sobre se esta ambiguidade não seria sinal de falta de comando na Renamo, Anselmo Victor reafirmou fidelidade ao partido e ao seu líder, acrescentando que no seio da “perdiz” reina harmonia. Na AR, a Renamo conseguiu apenas 51 lugares, de um total de 250 possíveis.

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