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Desparecimento misterioso de jornalista independente no Burundi

Jean Bigirimana, jornalista do grupo de imprensa independente Iwacu (Na nossa casa, em línguia nacional Kirundi), desapareceu há 14 dias, soube-se esta sexta-feira de fonte bem informada.

Segundo a mesma fonte, desde então a família ficou sem notícias e nem a Polícia, nem o seu empregador, muito menos os defensores dos direitos humanos conseguem localizar o jornalista de 30 anos de idade, casado com uma mulher de 28 anos e pai de dois filhos.

Ele desapareceu a 22 de Julho último, na região de Muramvya, a cerca de 40 quilómetros, no nordeste de Bujumbura, a capital burundesa, segundo o Iwacu com base no último contacto telefónico dele com a Redação.

A preocupação aumentou, sexta-feira, quando o presidente da Comissão Nacional Independente dos Direitos Humanos (CNIDH), Jean-Baptiste Baribnekeza, confirmou diante da imprensa não ter conseguido localizar o jornalista, apesar dum « inquérito minucioso » efectuado na véspera junto das diferentes secções da Polícia em Muramvya.

O presidente da CNIDH disse entretanto confiar nas competências da Polícia Nacional para encontrar o jornalista que estava há apenas uma semana de contrato com o Iwacu.

Segundo o diretor do Iwacu, Antoine Kaburahe, o jornalista Bigirimana poderá estar ainda em vida, mas « exausto e esfomeado », algures num local de detenção secreta, em Muramya.

O chefe de um dos raros media independentes ainda ativos no país, desde a eclosão da crise política burundesa, em Abril de 2015, disse estar a tentar fazer avançar a investigação sobre o caso a partir do seu exílio, na Bélgica.

Kaburahe aproveitou uma liberdade provisória para se exilar por medo de detenção, depois de perseguições judiciais pela sua suposta cumplicidade com os autores da tentativa de golpe de Estado militar abortado, em maio de 2015.

Perto de 100 jornalistas independentes tem o mesmo estatuto de exilados forçados no estrangeiro depois duma crise política que afectou consideravelmente a liberdade de imprensa e de expressão, segundo as organizações dos profissionais da imprensa no Burundi.

Além disso, o desaparecimento misterioso do jornalista Bigirimana faz parte de tantos outros casos similares no Burundi desde o início da crise ligada a um conflito eleitoral mal resolvido entre o poder e a oposição.

Os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos revelam pelo menos 600 casos de desaparecimentos forçados em quase dois anos de crise política inextricável e dos direitos humanos no Burundi.

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