O trabalho de desminagem no nosso país permitiu identificar, em 2009, 117 áreas afectadas por minas, correspondentes a cerca de 3,7 milhões de metros quadrados, o que constituiu um marco positivo nos esforços do Governo para libertar as terras de artefactos explosivos.
Na abertura, quinta-feira, da 11ª Reunião Anual com os Operadores de Desminagem, que decorreu em Maputo, o director do Instituto Nacional de Desminagem (IND), Júlio Braga, disse que apesar dos resultados satisfatórios na área da desminagem, “o panorama actual demonstra haver ainda muito trabalho a realizar, que consiste na identificação, remoção e destruição de minas e outros engenhos explosivos”, uma vez que os dados actuais revelam um remanescente de 322 áreas perigosas, totalizando cerca de 9,4 milhões de metros quadrados de terras ainda sem condições de segurança para a prática de actividades socioeconómicas. A pesquisa visando detectar minas, recentemente concluída na fronteira comum entre Moçambique e Zimbabwe, indica a existência de 2,9 milhões de metros quadrados de campos minados, com impacto na segurança das comunidades fronteiriças dos dois países.
Este cenário, segundo Braga, representa o avolumar de problemas em alguns distritos moçambicanos que fazem fronteira com o vizinho Zimbabwe, como Chicualacuala, Mossurize, Sussundenga, Manica, Changara e Mágoè. Assim, para além do balanço das actividades de desminagem desenvolvidas em 2009, a 11ª Reunião Anual com os Operadores de Desminagem vai apreciar o Plano de Prioridades para 2010, e discutir os mecanismos sustentáveis de acompanhamento do Programa de Acção contra Minas, por parte dos governos provinciais, distritais e autoridades comunitárias.
Programas educativos
As minas terrestres e antipessoais espalhadas em várias zonas do território nacional onde ainda persiste a ameaça destes engenhos provocou, em 2009, a morte de 15 pessoas e a mutilação de outras quatro. Para travar o índice de acidentes, o IND continuará a desenvolver, em todas as comunidades afectadas, programas educativos para a prevenção de acidentes com minas e outros engenhos explosivos. “O IND deverá ainda continuar a desenvolver esforços para que sejam implantados, em todas as comunidades afectadas por minas, programas educativos para a prevenção de acidentes com minas e outros engenhos explosivos, como forma de reduzir o índice de acidentes”, disse Braga, adiantando que a contínua ocorrência de acidentes com artefactos explosivos no país, por diferentes causas, “torna cada vez mais necessário um trabalho de fundo com as instituições pertinentes no processo de assistência às vítimas”.
Prioridade
Para 2010, o IND definiu como prioridade trabalhar com os ministérios que directa ou indirectamente estão relacionados com esta problemática, com destaque para os da Saúde, Mulher e Acção Social, Trabalho e Educação. Particular importância será dada ao registo dos incidentes com minas, para garantir a reabilitação psíquica e física, até à reintegração social e económica das vítimas.
