A Comissão de Agricultura, Desenvolvimento Rural, Actividades Económicas e Serviços na Assembleia da Republica (AR), o parlamento moçambicano, reuniu-se, terçafeira última, com a direcção do Parque Nacional do Limpopo (PNL) na perspectiva de entender as causas dos confiltos entre o Homem e a fauna bravia bravia que ocorrem dentro daquela área de conservação, localizada a nordeste da província de Gaza, Sul de Moçambique.
O relator da comissão e chefe da delegação, Luís Goveia, explicou que o encontro tinha em vista conhecer as verdadeiras causas dos conflitos que ocorrem no PNL para junto do governo procurar soluções visando fazer face a situação que está já a atingir contornos alarmantes. “Nos temos informação, através da imprensa e dos eleitores, de que o conflito entre as pessoas e a fauna bravia está já a atingir, não apenas, as pessoas que vivem dentro do parque, mas também as que estão em redor desta área de conservação”, referiu Goveia, acrescentando que a AR quer a argumentação dos técnicos ligados a fauna bravia sobre o que estará a influenciar o aparecimento do conflito.
Entretanto o Administrador do PNL, Baldeu Chande, disse, sem indicar números, que este problema é causado pelo aumento da população de animais naquela área de conservação e a necessidade de estes seguirem as suas rotas tradicionais a procura da alimentação. Neste momento, o que as autoridades têm feito é o abate dos animais problemáticos para reduzir os acidentes, disse Chande, explicando que a medida não é definitiva e viável para uma área de conservação que se pretende. O ideal é separar o espaço da vida animal com o do homem. Com o programa de retirada das pessoas do interior do parque e consequente reassentamento nas aldeias fora deste, poderá reduzir a disputa do espaço entre o homem e a fauna bravia. Também está a ser projectada uma linha de vedação de cerca de 60 quilómetros de extensão ao longo do rio Limpopo para separar o parque e a zona tampão onde as pessoas vão ser reassentadas, disse a fonte, ajuntando que se trata de uma zona rica para as actividades agro-pecuária e pesqueira, consideradas básicas naquelas comunidades.
Em resposta a pergunta dos deputados sobre a fase em que está o processo de reassentamento, o Administrador do PNL disse haver alguns atrasos devido ao desembolso tardio dos fundos por parte do doador. Chande disse que está a trabalhar, neste momento, com a direcção máxima do Ministério da Turismo para que o PNL tenha uma dotação orçamental de cerca de 460 milhões de meticais para a construção das casas para o reassentamento de mais de seis mil pessoas, o que permitirá que os fundos financiados pelo Banco Alemão para o Desenvolvimento (KFW) possam ser usados para as actividades de compensação.
Para além da dotação do orçamento, segundo ele, pretende-se envolver outras instituições do estado que tenha experiências nesta matéria, nomeadamente: os Ministérios da Administração Estatal, da Acção Ambiental, da Agricultura, de Plano e Desenvolvimento entre outras, como forma de tornar o processo mais célere. A uma outra pergunta sobre a caça furtiva, Chande disse haver ainda alguns casos, mas não alarmantes na medida em que não prejudicam o desenvolvimento normal da fauna bravia. Mesmo assim, acrescentou, há um trabalho em curso no sentido de estancar, de uma vez por todas, este mal.