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Depois de um Presidente negro norte-americanos elegem homem de negócios para Casa Branca

Depois de um Presidente negro norte-americanos elegem homem de negócios para Casa Branca

Há oito anos o mundo recebeu de braços abertos e com muita esperança Barack Obama, ainda antes dos norte-americanos o terem eleito como o primeiro Presidente negro dos Estados Unidos da América (EUA). Desde que Donald Trump foi nomeado candidato presidencial do partido Republicano tem visto crescer o rol de detractores, muitos deles líderes ou influentes nas denominadas democracias ocidentais quiçá por isso foi num misto de choque, surpresa e apreensão que o mundo assistiu a eleição de um homem de negócios, xenófobo, aparentemente incontrolável, sem experiência militar e nem política para liderar o mais poderoso País do mundo.

Além da força que terá dado a autoestima com o seu “Yes We Can” pouco fica como legado dos oito anos de Obama em África, salvo o facto de ter sido o Presidente norte-americano que mais vezes visitou o nosso continente.

A aposta no comércio em vez da ajuda ainda está a dar os passos iniciais, o programa “Feed the Future” que se propõe a desenvolver o sector agrícola africano está longe de igualar o impacto da iniciativa de Crescimento e Oportunidades para a África (AGOA – African Growth and Opportunity Act), aprovada por Bill Clinton em 2000 ou o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos da América para o Alivio do HIV e SIDA (PEPFAR) criado por George W Bush.

Winston Churchill, estadista inglês, terá afirmado que “A democracia é a pior de todas formas de governo, excepto todas as outras”. É também a alternância de quem governa, não só das pessoas mas também das ideias, mesmo que sejam muito disparatadas como as que Donald Trump propalou durante a sua campanha.

Não gosta de acordos comerciais, como é o caso da AGOA, não se sabe como pretende contribuir para a aceleração da economia mundial e melhoria dos preços baixos das mercadorias.

Mas com a promessa de devolver empregos aos seus compatriotas disse que pretende atrair as empresas de manufactura de volta com a redução de impostos e jurou expulsar milhões de ilegais. Prometeu construir um muro na fronteira com o México, para os impedir de entrar nos EUA, e obrigar os mexicanos a pagá-lo.

Também prometeu expulsar os muçulmanos e insultou as mulheres, pode ser ouvido num vídeo de 2005 a dizer que “quando somos famosos, ela fazem o que queremos”.

Mas o maior temor global é a conhecida descrença de Donald Trump pelas Mudanças Climáticas, o eleito Presidente norte-americano manifestou durante a campanha o seu desagrado pelo Acordo Climático alcançado em Paris, que entrou esta semana em vigor, disse que cortaria os fundos federais para o Clima e daria novo ímpeto ao uso de combustíveis fósseis.

Em relação ao nosso País pouco há a mudar, a ajuda tem sido direccionada aos sectores que os norte-americanos decidiram ser prioritários: Saúde, Educação, Agricultura e Comércio. Em troca Moçambique tornou-se parte da estratégia de defesa e segurança no Oceano Índico – está inclusivamente em construção uma nova embaixada na marginal da cidade de Maputo -, e os investimentos na indústria extractiva que interessa aos norte-americanos só deverão aumentar.

Da construção de residências à Casa Branca

Nascido em Nova Iorque a 14 de Junho de 1946, numa família de imigrantes alemães que prosperava no ramo da construção civil e do imobiliário, Donald John Trump será o Presidente norte-americano mais velho de sempre quando tomar posse a 20 de Janeiro.

Quarto dos cinco filhos de Fred Trump e de Mary Anne MacLeod, que emigraram da Escócia no final dos anos 20, cedo o seu temperamento irrequieto levou o pai a enviá-lo, com 13 anos de idade, para uma escola militar. Alguns anos mais tarde, em plena guerra do Vietname, acabaria por ser considerado inapto para o serviço militar, por razões que continuam por esclarecer.

Trump estudou na Universidade da Pensilvânia e lançou a primeira pedra do seu próprio império imobiliário com aquilo a que chama “um pequeno empréstimo do pai”, no valor de 1 milhão de dólares.

No início dos anos 70, liderava a companhia criada pelo pai. A pequena construtora em áreas residenciais da cidade de Nova Iorque, como Brooklyn e Queens, deu lugar ao investimento em grandes edifícios em Manhattan, como a torre Trump, em plena 5ª avenida.

Pai de cinco filhos de três casamentos Trump começou a campanha sendo apontado como um palhaço, até o seu corte de cabelo foi motivo de chacota.

Embora tenha declarado falência nos anos 90, depois que apostou em hotéis e casinos, acabou por dar a volta por cima e tornou-se bilionário – actualmente a sua fortuna é avaliada em quase 4 mil milhões de dólares – talvez por isso tenha desdenhado o apoio de outros ricaços que se juntaram aos seus opositores.

Mas Donald não vacilou, conseguiu a nomeação como candidato do partido Republicano mas terminou a campanha abandonado por grande parte dos mais influentes líderes. Ele ofendeu e atacou alguns deles na campanha, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan. Num dos Estados onde a sua vitória foi decisiva nesta terça-feira (08), no Ohio, quando os resultados foram anunciados já a sede do partido estava desmontada.

Para o mundo, e para uma parte dos seus compatriotas, custa a perceber porque é que mais de 55 milhões americanos, na sua maioria gente modesta e trabalhadora, elegeu como o seu Presidente um magnata, frequentador habitual das festas da elite, incapaz sequer de pensar num pobre a não ser como figura de um reality show ou como eleitor.

O 45º Presidente norte-americano poderá ter a conjugação perfeita para governar, o partido Republicano conseguiu maioria nas duas Casas do Congresso.

Em circunstâncias normais, um Chefe de Estado cujo partido controla o Senado e a Câmara dos Deputados pode contar que as coisas sejam feitas com maior rapidez mas Donald Trump tem sido uma excepção, a ver vamos se o tom conciliador do seu discurso de agradecimento é um sinal de mudança ou tentará materializar as suas disparatadas promessas eleitorais.

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