Uma equipe da Liga Árabe chegou, Quinta-feira, à Síria, para preparar o envio de monitores que irão avaliar se o governo local está a cumprir um plano de paz definido no mês passado.
O plano prevê a retirada das Forças Armadas das ruas, a libertação de presos políticos e um diálogo com a oposição. Milhares já morreram na repressão aos protestos contra o presidente Bashar al Assad e, cada vez mais, em confrontos entre tropas amotinadas e forças de segurança.Fontes da Liga Árabe disseram que a delegação é composta por doze pessoas, incluindo especialistas financeiros, administrativos e jurídicos. O grupo principal, com cerca de 150 observadores, está previsto para chegar no final do mês. A Síria levou seis semanas até assinar, Segunda-feira, o protocolo que autoriza a presença dos monitores.
Quinta-feira, autoridades sírias disseram que mais de 2.000 soldados e policiais já foram mortos em nove meses de distúrbios – cifra que é quase o dobro da que vinha sendo citada anteriormente. É difícil verificar os relatos que chegam da Síria, porque as autoridades locais expulsaram a maioria dos correspondentes de meios de comunicação estrangeiros.
A cifra de 2.000 soldados e policiais mortos consta numa carta enviada pelo governo sírio à ONU, numa resposta a acusações da alta comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, que acusou, semana passada, as autoridades sírias de já terem matado 5.000 pessoas, o que segundo ela pode constituir crime contra a humanidade.
Na carta, o governo sírio diz que os “mártires” da polícia e do Exército são prova da “presença de terroristas na Síria”.
A entidade oposicionista Observatório Sírio de Direitos Humanos disse, esta semana, que 111 pessoas foram mortas após serem capturadas por forças do governo na província de Idlib (norte), no que teria sido o mais violento incidente isolado desde o início da rebelião.
Quinta-feira, o Observatório disse que mais 21 pessoas foram mortas, principalmente em Homs (centro). O crescente número de mortos desperta temores de uma guerra civil na Síria, que há 40 anos é governada pela família Assad.
Rami Abdulrahman, director do Observatório, disse que as forças de Assad, aparentemente, estão a tentar reprimir a oposição em diversos pontos do país antes da chegada dos monitores.
A Síria diz que já libertou mais de mil presos desde a assinatura do acordo de paz da Liga Árabe, e promete realizar eleições parlamentares no começo de 2012 e promover reformas constitucionais que reduzam o poder do partido Baath.
Mas os activistas sírios duvidam do compromisso de Assad com o plano, que, se implementado, pode estimular a oposição a realizar mais protestos pela renúncia do presidente.