Enfrentando a perda da mãe, Laura Moreira Braga, Roberto Carlos completou 69 anos idade no dia 19 de Abril. Com mais de 60 discos lançados no Brasil e muitos outros no exterior, o cantor já soma mais de 120 milhões de cópias vendidas em todo o mundo e ganhou o título de “rei”.
Comemorando a sua carreira de sucesso, Roberto Carlos iniciou em 2009 as comemorações de seus 50 anos de carreira.Depois de um espectáculo em Cachoeiro do Itapemirim o cantor abriu uma sequência de eventos celebrando o ano especial. Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, em 19 de Abril de 1941, o cantor teve sempre a sua vida rodeada de mistérios que renderam muitos boatos. De tudo o que parece lenda e facto criado em torno da figura do cantor – que juntamente com o “seu amigo Erasmo Carlos” e Wanderléia firmaram entre os jovens o movimento da Jovem Guarda – está a história sobre a sua perna mecânica. Sempre há quem não acredite ou não saiba dessa passagem da vida de Roberto.
Mas é verdade. O rei perdeu parte da perna direita durante um atropelamento por um comboio na cidade natal quando tinha seis anos de idade. Foi preciso amputar parte da sua perna, logo abaixo do joelho, e ele usou muletas para caminhar até os 15 anos, quando colocou a sua primeira prótese. Factos que incomodaram o rei Esta e outras informações podiam ser lidas na biografia não autorizada de Roberto Carlos em Detalhes (2006), escrita pelo historiador Paulo César de Araújo, e que o rei mandou retirar das livrarias porque achava que o mesmo invadia demais a sua vida pessoal.
Quem pôde ler o livro sobre o aniversariante soube realmente de “detalhes tão pequenos” que Roberto talvez jamais comentasse. Araújo conta que Roberto, quando criança, era fã do cantor campineiro Bob Nelson (1918-2009), e que ele ia aos lugares vestido como o ídolo, de cowboy. Até quando ia à missa, Roberto usava a indumentária de vaqueiro, com direito a revólveres e tudo o mais. É do livro também que vem a informação de que, embora tenha namorado a cantora Wanderléia no auge da Jovem Guarda, nunca tenham feito sexo. Roberto conheceu- a durante a divulgação, no bairro do Cordovil, no Rio de Janeiro, de um disco que ele gravou em 1961. A plateia era composta pela cantora e mais duas pessoas.
Ao final da apresentação, o cantor deu um beijo na boca da “ternurinha” com gosto de coxinha de frango. Ela mesma confirma a história. Outra coisa que poucos sabem é que Roberto Carlos e Erasmo Carlos estavam zangados e não se falavam durante o ano de 1967, no apogeu do programa Jovem Guarda, na Record. Tudo porque Erasmo foi receber o prémio de melhor compositor no programa do cantor Wilson Simonal e esqueceu-se de citar o nome do parceiro. Roberto Carlos não gostou e, durante aquele ano, quando anunciava no palco o “meu amigo Erasmo Carlos”, os dois estavam de relações cortadas.
Mas logo fizeram as pazes e a parceria de composições de sucesso, iniciada com Parei na Contramão, em 1963, continua até hoje. Entre outros, o facto que deixa ainda mais curiosa a vida misteriosa de Roberto Carlos é que ele é cheio de manias. O cantor, que já assumiu sofrer de TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo -, não veste nada que tenha a cor roxa. Nem a castanha, assim como o seu avô. Sempre que pode, evita o número 13. Para compor também não usa certas palavras, nem faz setas ou rabiscos na página onde escreve. A caneta precisa de ser sempre da mesma cor.
Para os espectáculos, gosta de roupas brancas, feitas por um alfaiate que traz especialmente da Argentina. Para o dia-a-dia, tons de azul nas vestimentas. Ele também nunca canta As Rosas Não Falam, de Cartola. Sem contar que quando se curva no final dos espectáculos para agradecer o público, murmura sempre algo sobre o palco. Às vezes está a rezar, noutras a praguejar baixinho e até a pronunciar palavras desconexas.