O líder espiritual tibetano, Dalai Lama, disse, esta Quarta-feira, que retomar as negociações com a China sobre o futuro da sua pátria era inútil, a não ser que o governo chinês adopte uma postura “realista”, acrescentando que não adiantava tentar convencer Pequim que ele não busca a independência total.
Em declarações que devem enfurecer a liderança chinesa, já bastante aborrecida com a sua viagem para a Grã-Bretanha, o Dalai Lama também disse que uma mudança rumo à democracia e a melhores direitos humanos na China eram inevitáveis, e que o povo chinês “realmente quer mudança”.
O monge de 76 anos falou na Grã-Bretanha, país que ele está a visitar para espalhar uma mensagem de não violência e compaixão, tocando questões que incluem os infortúnios económicos europeus que ele disse terem sido em parte provocados pela “ambição e ignorância”.
“A questão é o direito básico do povo. No futuro, a não ser que eles iniciem uma postura realista para o problema tibetano dentro do Tibete, não há muito para discutir”, disse o Dalai à Reuters numa entrevista no Parlamento britânico.
Pequim tratou com desdém as autoridades britânicas, advertindo “graves consequências” e, segundo um relato não confirmado na imprensa britânica, teria ameaçado realocar a sua equipe olímpica da cidade de Leeds, no norte do país, em protesto contra as reuniões do Dalai Lama com autoridades britânicas.
“Verdade dos factos”
O Dalai Lama insiste que não busca a independência total do Tibete, mas diz que pouco pode fazer para convencer Pequim, que, segundo ele, está de facto interessada apenas em impor a sua vontade.
“Ambos temos mantras para recitar. o meu mantra é ‘não estamos a buscar a independência’. O mantra chinês é ‘o Tibete será sempre parte da China’. Acho que o efeito real em ambos os mantras é limitado”, disse o Nobel da Paz.
