O líder cubano, Fidel Castro, disse nesta segunda-feira ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que Cuba não quer “esmolas”, e sim a suspensão do “bloqueio”, na primeira reação de Havana ao levantamento das restrições de viagens e envio de dinheiro à Ilha.
“Do bloqueio, que é a mais cruel das medidas, não se disse uma palavra”, afirma Castro em um artigo publicado na noite desta segunda-feira, no site oficial Cubadebate, ao comentar a decisão anunciada hoje por Washington.
Fidel destaca que o fim do bloqueio é uma reclamação dentro e fora dos Estados Unidos e que hoje “estão criadas as condições para que Obama empregue seu talento em uma política construtiva que acabe com o que fracassou durante quase meio século”. O líder cubano “não culpa Obama pelas atrocidades cometidas por outros governos dos Estados Unidos” ou questiona sua “sinceridade e seus desejos de mudar a política e a imagem” da América.
No artigo intitulado “Do bloqueio não se disse uma palavra”, Fidel Castro lembra que o assessor presidencial de Obama para América Latina, Dan Restrepo, falou nos “passos para estender a mão ao povo cubano” e na “liberdade em Cuba”, ao anunciar hoje as medidas.
“Cuba tem resistido e resistirá. Não estenderá jamais sua mão para pedir esmolas. Seguirá em frente com a cabeça erguida, cooperando com os povos irmãos da América Latina e do Caribe, haja ou não Cúpulas das Américas, presida ou não Obama os Estados Unidos”. A decisão de Obama foi anunciada poucos dias antes da Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, onde os presidentes da América Latina devem pedir o fim do embargo que Washington mantém contra Cuba há 47 anos.
“Agora falta apenas Obama persuadir os presidentes latino-americanos que o bloqueio é inofensivo”, ironizou Fidel sobre a Cúpula de Trinidad e Tobago. Cuba, que não está convidada para esta reunião, “não aplaude as más chamadas Cúpulas das Américas, onde nossos países não discutem em igualdade de condições”, afirma Fidel no artigo.
Obama suspendeu hoje todas as restrições de viagens e envio de dinheiro sobre os cidadãos cubano-americanos que têm família em Cuba. A suspensão das restrições será total, ou seja, 1,5 milhão de cubano-americanos poderão viajar e mandar dinheiro de maneira ilimitada para seus familiares na Ilha.
O presidente também autorizou que companhias americanas estabeleçam conexões de fibra óptica e por satélites com Cuba, negociando com seus pares na Ilha para oferecer serviços de telefonia móvel, assim como ampliar a lista de produtos humanitários que possam ser exportados.