As “Damas de Branco”, uma organização formada por mães e esposas de dissidentes, voltaram às ruas de Havana esta quinta-feira, no sétimo aniversário da prisão de seus 75 familiares, em meio a vaias de 350 defensores do governo. Não houve violência, constataram correspondentes da AFP.
“O dia de hoje marca a prisão de nossos familiares (a data é conhecida como a ‘Primavera Negra’). Não vamos deixar de protestar aconteça o que acontecer, que eles façam o que quiserem”, disse a dissidente Laura Pollán à AFP, enquanto caminhava com o braço direito numa tipoia e o dedo imobilizado – resultado de um confronto, ontem, com partidários do governo e policiais.
Na véspera, no terceiro dia de passeatas, as Damas de Branco foram empurradas e agredidas por partidários do Governo, enquanto policiais femininas as obrigaram a entrar em dois ônibus, levando-as à casa de Pollán. Na manhã desta quinta-feira, 30 mulhres vestidas de branco e levando ramos de gladíolos rosas, assistiram à missa na Igreja de La Merced, na Havana Velha, de onde saíram em marcha silenciosa, até serem interpeladas por grupos pró-castristas. “As repudiamos porque elas são contra a revolução que vamos defender até o final. As ruas de Cuba pertencem aos revolucionários, não vamos permitir. Deixamos que façam suas marchas, mas temos o direito de não gostar”, disse à AFP Yamilé González, empregada de uma creche.
Entre as Damas de Branco estava Reyna Luisa Tamayo, mãe do preso Orlando Zapata, que morreu, aos 42 anos, no dia 23 de fevereiro, depois de dois meses e meio de greve de fome para exigir melhores condições carcerárias. A morte de Zapata motivou uma onda de consternação internacional, com o Governo da ilha sendo condenado pelo Parlamento Europeu, diversos governos e instituições de direitos humanos. O Governo dubano considera as Damas de Branco a “ponta de lança” da política “subversiva” dos Estados Unidos contra a ilha e as acusa de receber dinheiro de Washington.