O crescimento dos crimes ambientais, desde desmatamento até caça de elefantes, envolve até 213 bilhões de dólares por ano e está a ajudar a financiar conflitos armados e a prejudicar o crescimento económico, disse um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), esta terça-feira (23).
O estudo, divulgado durante uma reunião da ONU com ministros de Meio Ambiente em Nairóbi, pediu acções mais severas para prevenir crimes e actividades ilegais de desmatamento, pesca, mineração, despejo de lixo tóxico e comércio de animais e plantas raros.
Entre alguns sucessos, o relatório citou a queda no desmatamento na Amazónia brasileira em 2012 para sua menor taxa desde que as medições começaram em 1988, por causa de imagens de satélite e de que operações policiais direccionadas.
“Muitas redes criminosas estão a obter lucros fenomenais com o crime ambiental”, disse à Reuters Achim Steiner, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “É uma máquina de financiamento.”
Um “enorme crescimento” na criminalidade ambiental nos últimos anos está a ajudar a financiar milícias e insurgentes, ao passo que priva países em desenvolvimento de bilhões de dólares em receitas para ajudar a retirar cidadãos da pobreza, disse ele.
O estudo estimou que o crime ambiental envolva entre 70 bilhões e 213 bilhões de dólares por ano. Em comparação, o auxílio global para o desenvolvimento de nações pobres totaliza 135 bilhões de dólares por ano.
O estudo estima, por exemplo, que o comércio ilícito de carvão vegetal na África, onde a madeira é a principal fonte de energia, vale 1,9 bilhão de dólares por ano. Os insurgentes islâmicos do al Shabaab, na Somália, fizeram milhões de dólares ao taxar esse carvão em portos e rodovias.
O relatório estima que cerca de 20 mil a 25 mil elegantes são mortos na África todos os anos, em uma população de cerca de 650 mil. Milícias na República Democrática do Congo e da República Centro-Africana exploram o marfim para levantar dinheiro.