O Presidente moçambicano e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, Armando Guebuza, assevera que já estão criadas as condições para o desenvolvimento e profissionalização sustentável das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). “…Estão criadas as condições para traduzir, de forma sustentável, a nossa vontade colectiva de assegurar o desenvolvimento e profissionalização das FADM”, disse Guebuza, falando esta sexta-feira em Nampula, capital da província nortenha que ostenta o mesmo nome, durante a primeira cerimónia de graduação de um grupo de 49 Oficiais Licenciados em Ciências Militares, que teve lugar na Academia Militar Samora Machel.
Anteriormente, a formação de Oficiais militares a nível de licenciatura era feita no estrangeiro. “A nossa satisfação redobra-se pelo facto desta formação ter sido realizada numa instituição moçambicana, gerida por moçambicanos, o que significa que somos capazes de realizar os nossos sonhos, bastando para isso, a nossa determinação e capacidade de persistência e aposta na nossa auto-estima”, acrescentou.
O referido grupo iniciou a sua formação a 13 de Julho de 2005, durante uma cerimónia dirigida pelo incumbente estadista moçambicano. Na ocasião, Guebuza fez um pequeno historial da génese da Academia, cujo patrono é o primeiro Presidente de Moçambique independente, Marechal Samora Machel, que teria completado 76 anos de vida a 29 de Setembro do corrente ano se não tivesse sido assassinado. Por isso, Guebuza disse aos jovens oficiais para se sentirem orgulhosos de ter uma cerimónia de graduação associada a factos importantes e a heroicidade dos filhos queridos gerados em Moçambique.
Para Guebuza, estes factos históricos devem servir de inspiração para que os jovens hoje graduados se recordem sempre quanto custou a independência de Moçambique, da pertinência de valorizar e defender a soberania nacional e da premência de cada cidadão participar na promoção do desenvolvimento social e económico do país.
O Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique disse ainda que os jovens oficiais são parte integrante da “Geração da Viragem” e que tem como missão impulsionar o desenvolvimento económico de Moçambique. “… Armem-se de certezas de que são parte da “Geração da Viragem”, a geração determinada a levar a luta contra a pobreza ao seu triunfo e o bem-estar do nosso maravilhoso povo, o sonho que nutrimos desde 1962, à realidade”, referiu.
Aliás, disse Guebuza, os jovens Oficiais devem reconhecer que a sua formação é um recurso estratégico para melhorarem suas próprias vidas e contribuir para o crescente desempenho das FADM. Para Guebuza os resultados dos jovens Oficiais na Academia têm um impacto individual, mas que, doravante, os mesmos terão um impacto em terceiros, em primeiro lugar. Fazendo questão de recordar que Moçambique está a entrar num período caracterizado pela ocorrência de diversas calamidades naturais de grande magnitude e intensidade, entre elas cheias e os ciclones, Guebuza disse que, com os Oficiais hoje graduados, as FADM têm a sua capacidade mais reforçada para apoiar as operações de prevenção e mitigação dos efeitos desses fenómenos naturais.
Por seu turno, o Comandante da Academia Militar, Major General Júlio Jane, explicou aos presentes que esta instituição tem a missão de formar oficiais para os quadros permanentes das FADM, tendo iniciado com um grupo de jovens que se inscreveram de forma espontânea e voluntária. O concurso que terminou com o apuramento deste grupo de oficiais, incluiu exames de admissão, provas de selecção incluindo testes psicotécnicos e de aptidão física e militar. “Ao longo do processo de formação, 15 por cento dos estudantes admitidos em 2005 tiveram um fraco aproveitamento pedagógico, o que não lhes permitiu fazer parte deste grupo de graduados enquanto outros nove por cento beneficiaram de bolsas de estudo na Universidade Eduardo Mondlane, nos cursos de Medicina e engenharia electrónica”, disse Jane.
Segundo Jane, a Academia abriu com os cursos de Infantaria, Fuzileiros Navais e Administração Militar. Contudo, “devido ao carácter multidisciplinar do combate moderno interarma, associado a rápida e crescente evolução da ciência e técnicas militares, foram introduzidos os cursos de Piloto Aviador, Comandantes de Meios Radiotécnicos, Artilharia, Engenharia Militar, Marinha, Comunicações e Blindados totalizando até ao presente 10 cursos”, explicou.
A semelhança do estadista moçambicano, Jane também fez questão de lançar um apelo dirigido aos jovens Oficiais, afirmando que “hoje termina uma etapa da vossa formação na carteira, mas inicia a outra e exigente fase da vossa vida. Enquanto Alferes, compete-vos comandar subunidades e exercer funções de nível de pelotão”, disse Jane. O Comandante da Academia referia-se ao facto de todos os oficiais terem sido atribuídos a patente de Alferes, que no caso dos Fuzileiros Navais corresponde a patente de sub-Tenente.
Jane também abordou a questão do combate a pobreza, afirmando que os conhecimentos adquiridos no campo da agropecuária são ferramentas indispensáveis com vista a incrementar com sucesso as actividades produtivas. “Isso porque vocês foram capazes, juntos com os vossos companheiros, de produzir hortícolas e aves que muito contribuem para a diversificação da dieta alimentar”, rematou.
Demonstrando a sua enorme disposição de cumprir o seu dever, os jovens Oficiais manifestaram a sua determinação de não vacilar, na manutenção deste compromisso que lhes custou muitas lágrimas. “A arte da guerra ensina-nos que o suor e lágrimas derramados durante a instrução é sangue poupado no campo de batalha. Perante este ensinamento afirmamos a nossa prontidão para defender a nossa pátria amada, respeitar a Constituição da República”, disseram os jovens numa mensagem para a ocasião.
Durante a cerimónia foram premiados os quatro melhores estudantes, entre os quais uma mulher. Participaram na cerimónia os ministros moçambicanos da defesa, da educação, o Chefe do Estado Maior General das FADM, antigos ministros da defesa, o governador da província de Nampula, reitores de universidades públicas moçambicanas, representantes do governo português, oficiais da Cooperação Militar Portuguesa, adidos militares acreditados em Moçambique e outros convidados.