O crédito concedido pelos bancos comerciais em moeda estrangeira reduziu de 42%, em 2003, para 24%, em 2012, o correspondente a uma queda estimada em 18%, indica o Banco de Moçambique (BM). Por seu turno, a captação de depósitos também em moeda estrangeira pelos bancos comerciais reduziu em 19%, para 14%, em 2012, contra a taxa anterior de 33%, em 2003, segundo o vice-governador do BM, António Pinto de Abreu.
No mesmo período, o capital dos bancos subiu consideravelmente como forma de poderem continuar a alavancar uma economia em crescimento constante, segundo ainda António de Abreu. Ele realçou que estas reduções resultaram da tomada de medidas pelo banco central moçambicano no sentido de se acabar com a tendência da dolarização da economia que se tinha mostrado praticamente “irreversível” até meados da década passada, altura em que os bancos preferiam fazer operações de crédito em moeda estrangeira, diminuindo o tamanho do crédito em moeda nacional.
Por seu turno, os agentes económicos com projectos elegíveis optavam por obter crédito em moeda estrangeira, alegadamente por enfrentarem custos mais baixos e mais previsíveis, afiançou de Abreu, sublinhando que o país viveu anos de crédito em moeda estrangeira superando o crédito interno em moeda nacional. “Era a armadilha da dolarização tomando conta dos balanços da banca nacional”, explicou, avançando que “foi preciso mudar isso”, através de um processo difícil e complexo que exigiu muita consulta, muito envolvimento do sector privado, dos próprios bancos, das associações e da própria imprensa.
Redes de negócio
Tentando dissipar alguns equívocos, o vice-governador do BM explicou que a sua instituição não tinha nenhum fundamentalismo contra as redes de negócio então estabelecidas, “mas apenas o dever de prevenir riscos, o dever de mitigar os efeitos da incerteza subjacente ao manuseio de um instrumento que não nos pertence”.
Avançou que o banco central tinha apenas a consciência de que a dolarização prejudica permanentemente as pequenas e médias empresas e favorece em última instância a reprodução dos processos já estabelecidos dominados pelas empresas de maior porte já experientes em lidar com o mercado internacional.
As mudanças aconteceram depois da alteração da lei cambial e introdução de um regulamento que mudasse a situação prevalecente, adoptandose medidas prudenciais sobre o crédito concedido em moeda estrangeira e, acima de tudo, falar com os agentes económicos, escutar e atender as suas preocupações, explicar o sentido e os objectivos da política monetária moçambicana seguida.