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Corrupção silenciosa afasta as populações de serviços públicos

A “corrupção silenciosa” em África, praticada por funcionários públicos como professores ou médicos, generalizou-se a todo o continente e afasta as populações de serviços públicos como a saúde e educação, essenciais ao desenvolvimento, alertou o Banco Mundial.

O relatório Indicadores do Desenvolvimento de África 2010, segunda-feira divulgado pelo Banco Mundial em Nova Iorque e difundido esta terça-feira em Maputo, concentra-se na forma como a pequena corrupção leva ao descrédito dos sistemas de prestação de serviços, fazendo com que as famílias se alheiem desses sistemas. “A corrupção silenciosa não faz manchetes como os escândalos de suborno, mas é igualmente corrosiva para as sociedades”, afirmou Shanta Devarajan, Economista- Chefe para a Região África do Banco Mundial, na apresentação do relatório.

Exemplos O Banco Mundial apresenta como exemplos de incumprimento da parte dos funcionários públicos o absentismo, mas também outros comportamentos “mais difíceis de observar, como um empenho abaixo do requerido” ou o “deliberado contornar de regras para vantagem pessoal”. Um estudo recente que envolveu vários países africanos concluiu que os professores primários não estão na escola 15 a 25 porcento do tempo e que grande parte dos que estão na escola não ensina. “Tendo em mente esta definição mais lata, a forma mais conhecida da corrupção em grande escala apresenta- se como sendo apenas a ponta do icebergue; a corrupção silenciosa, que consiste nos desvios, geralmente menos notados, da conduta expetável, situa-se abaixo da superfície”, refere o relatório.

No Uganda, um estudo conduzido em 2003 apontou para uma taxa de absentismo de 33 porcento dos prestadores de cuidados de saúde em 2003. Entre os professores nas escolas primárias da zona rural do Quénia ocidental, 20% ausentaram-se durante o horário escolar, em 2004. O fenómeno é visível na agricultura, onde um controlo deficiente de produtores e armazenistas fez com que 43 porcento dos fertilizantes vendidos na África Ocidental na década de 1990 não contivessem os nutrientes necessários, pelo que eram “basicamente ineficazes”.

Embora movimente menos dinheiro, esta forma de corrupção “é particularmente destrutiva para os pobres, mais vulneráveis e mais dependentes de serviços estatais e sistemas públicos para satisfazerem as suas necessidades mais básicas”, sublinha o relatório. O relatório Indicadores do Desenvolvimento de África 2010 sugere alguns caminhos, mas “a grande esperança é que, ao fazer luz sobre o problema da corrupção silenciosa, dê início a um debate mais alargado e se avance rapidamente ao encontro de soluções”.

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