Uma máquina pesada posiciona-se debaixo de uma ponte e o engenheiro chefe dá ordens para o maquinista começar a “destruir” uma infra-estrutura que suporta as condutas da água que abastecem o distrito de Boane e os municípios de Maputo e Matola. Não se trata de uma situação de guerra de desestabilização, é, antes pelo contrário, uma pequena parte de um projecto de reabilitação e melhoria do sistema de abastecimento de água a estes três pontos geográficos do Sul de Moçambique.
A ponte ora destruída e as respectivas condutas de água que passam por cima dela foram construídas na década 60, segundo a engenheira Judite Manhique, do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG), entidade responsável pela gestão do Projecto de Abastecimento de Água de Maputo.
Por isso, estas infra-estruturas já estão em avançado estado de obsolência e carecem de uma substituição imediata. A referida ponte encontra-se em Campoane, distrito de Boane, a 26 quilómetros Sul da capital moçambicana, onde o FIPAG está a instalar uma nova conduta adutora.
Estas obras são parte integrante dos trabalhos de melhoramento do abastecimento de água a Boane, Maputo e Matola, um projecto orçado em 95 milhões de euros disponibilizados pelo Governo moçambicano, em parceria com o Banco Europeu de Investimentos, a União Europeia, a Agência Francesa de Desenvolvimento e o Governo da Holanda, através do programa ORET.
Enquanto isso, a escassos quilómetros da Ponte de Campoane, estão em curso as obras de melhoramento da Estação de Tratamento de Agua do Umbeluzi, onde também se observa uma grande concentração de trabalhadores envolvidos no projecto.
“Aqui em Umbeluzi está em construção mais um centro de captação de água com capacidade de quatro mil metros cúbicos por hora”, explicou a engenheira Manhique.
Este novo centro de captação junta-se a outros dois com uma capacidade total de captar seis mil metros cúbicos de água por hora, que terá o condão de aumentar a sua capacidade para 10 mil metros cúbicos.
Com este volume será possível aumentar o tempo de disponibilidade de água das actuais 12 para 24 horas por dia, abrangendo um total de 480 mil novas famílias ligadas a rede pública de distribuição deste líquido precioso, considerando os padrões mundiais segundo os quais uma pessoa consome cem litros de água por dia.
Os centros de tratamento são um conjunto de infra-estruturas em construção em Umbeluzi, que inclui uma infra-estrutura de recolha de água a partir do rio.
Deste ponto a água passa para a decantação, depois para os centros de tratamento com químicos, para os tanques de água limpa e por último para a estação de bombagem, onde este precioso líquido é bombeado para as cidades de Maputo e Matola.
No terreno, os trabalhos decorrem a passos visivelmente largos, independentemente das condições climatéricas. Aliás, no dia em que um grupo de jornalistas visitou o local, os trabalhos decorriam debaixo de um sol escaldante e com a terra cansada de bulldozers a levantar poeira para todos os lados.
“Desde que iniciaram as obras, já gastamos 6.500 metros cúbicos de betão, o correspondente a 800 camiões grandes ou 1.500 médios”, disse um engenheiro ligado as obras. Outro material muito usado neste trabalho é ferro.
Desde o início das obras, o empreiteiro, que inclui a empresa portuguesa Mota Egil, diz ter já gasto mais de um milhão de toneladas de ferro.
Tanto o empreiteiro como o Governo acreditam que estas obras, iniciadas em princípios de 2010, poderão terminar no segundo semestre deste ano, altura em que a população servida por este líquido precioso vai subir dos actuais 40 para 73 por cento.
Isso significa aumento da população com acesso a água potável de 670 mil para 1,5 milhão de pessoas, além outros benefícios como redução das perdas de águas e aumento da capacidade de armazenamento de água, de 144 mil para 240 mil metros cúbicos por dia.