O deputado conservador John Bercow foi eleito nesta segunda-feira Speaker da Câmara dos Comuns britânica, no terceiro turno do pleito, conseguindo 322 votos contra 271 dados a seu concorrente.
A eleição do novo presidente da Câmara é consequência da renúncia histórica – a primeira desde 1695 – do presidente anterior, Michael Martin, obrigado a abandonar o cargo pela administração considerada desastrosa do escândalo dos gastos abusivos dos deputados – um dos mais importantes dos últimos anos na Grã-Bretanha.
Há mais de um mês, a imprensa destaca os abusos cometidos por grande parte dos 646 deputados britânicos. Bercow, de 46 anos, era o favorito, apesar da oposição de alguns setores do próprio Partido Conservador, que o consideram muito jovem e com idéias muito próximas as dos trabalhistas. A designação de Bercow deverá ser confirmada ainda pela rainha Elizabeth II. “Devemos reformar” o Parlamento, disse Bercow após sua eleição, assinalando que “a grande maioria dos membros da Câmara são pessoas leais, decentes e honradas”.
Bercow prometeu adotar um “programa de reformas” para renovar, revitalizar e reafirmar os “valores no coração desta grande instituição no contexto do século 21”. O primeiro-ministro, Gordon Brown, saudou a eleição de Bercow, estimando que ela é uma oportunidade para “abrir um novo capítulo”: “O senhor dará força de caráter e determinação a esta casa”. O Speaker, que dirige os debates parlamentares, é o encarregado do funcionamanto geral da Câmara dos Comuns.
A tradição prevê que seja um árbitro imparcial, que não participe das votações e que rompa com seu partido assim que assumir suas funções. A Câmara dos Comuns está sob cerrado bombardeio, com a imprensa criticando, em especial, os gastos absurdos financiados pelos contribuintes: batons, comida para cães, um vaso sanitário, entre outros.
O escândalo obrigou a renúncia de 15 deputados, incluindo alguns ministros. Ao mesmo tempo que os meios de comunicação divulgam detalhes picantes sobre os gastos, o Parlamento aceitou finalmente, como havia exigido a justiça há um ano, revelar a lista oficial dos gastos reembolsáveis autorizados. Mas o documento foi amplamente censurado, oficialmente por motivos de segurança, o que gerou um novo bombardeio de críticas.