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Conferência sobre racismo é boicotada por divergências sobre Israel e religião

Divergências sobre o Oriente Médio e aspectos religiosos levaram os Estados Unidos e outros países ocidentais a boicotar a conferência sobre racismo da ONU, que começará esta segunda-feira, em Genebra, com participação do polêmico presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, que nega o Holocausto.

Estados Unidos, Canadá, Israel, Holanda e Austrália anunciaram que não participarão na Conferência Durban II da ONU, que durante cinco dias examinará os esforços realizados para combater o racismo, a xenofobia e a intolerância desde a primeira reunião organizada em Durban (África do Sul) em 2001.

Neste domingo, a França anunciou que participará na conferência para defender seus pontos de vista em relação aos direitos humanos, mas a Alemanha, por sua vez, comunicou sua ausência, alegando que sua decisão não foi fácil. “Apesar dos esforços intensivos prévio, em particular por parte da União Europeia, é de esperar que esta conferencia seja desviada em benefício de outros interesses, como anteceu com a anterior, em 2001. E isso, não podemos aceitar”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Robert Wood, afirmou no sábado que apesar dos avanços, o último projeto da declaração final de Genebra mantém trechos inaceitáveis da declaração de 2001 e infringem a liberdade de expressão. “Infelizmente, parece certo que certas questões não serão abordada no documento adotado pela conferência. Portanto, com pesar, os Estados Unidos não vão participar na conferência”, afirma um comunicado oficial.

O presidente Barack Obama justificou a postura de seu governo ante a questão, apesar de se comprometer em colaborar com os esforços para lutar contra o racismo. “Deixem-me dizer em primeiro lugar que acredito na ONU”, afirmou Obama ao fim da Quinta Cúpula das Américas realizada em Trinida e Tobago. “Acredito na possibilidade de que a ONU sirva de fórum eficaz para tratar um grande número de conflitos transnacionais”, acrescentou. “Gostaria muito de tomar parte em uma conferência útil, que responda a questões persistentes de racismo e discriminação no mundo”, disse ainda, acrescentando, no entanto, que o tom anti-israelita completamente hipócrita e contraproducente na declaração final era um limite que seu governo não poderia tolerar.

Negociadores na capital suíça afirmaram na sexta-feira que países ocidentais e muçulmanos haviam concordado com a declaração contra o racismo da ONU, que retirava do texto a maioria dos elementos considerados controversos relacionados à discriminação religiosa, Israel e o Oriente Médio. Austrália e Holanda uniram-se neste domingo às críticas e anunciaram um boicote. Já a Grã-Bretanha confirmou presença em Genebra. “Estamos observando o desenrolar dos acontecimentos. Ainda temos a intenção de participar”, afirmou à AFP um porta-voz do Foreign Office, que fez questão de destacar no entanto que será “inaceitável” uma tentativa de negar ou subestimar o Holocausto nazista nos debates.

O Papa Bento XVI deu apoio à conferência neste domingo, para que consiga “acabar com toda forma de racismo e disriminação”. A polêmica sobre conferência aumentou pelo fato do orador mais famoso do dia de abertura ser o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, que já questionou várias vezes a existência do Holocausto, no qual milhões de judeus morreram nos campos de concentração da Alemanha nazista. “Esta conferência é uma farsa trágica: oficialmente se trata de denunciar o racismo e se convida um negacionista conhecido que defende a destruição do Estado de Israel”, criticou Yossi Levy, funcionário do ministério israelense das Relações Exteriores.

Israel também pediu ao presidente suíço, Hans-Rudolf Merz, que cancele um encontro com o presidente iraniano.

A primeira Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância acabou com o abandono de Estados Unidos, Israel e Canadá, que consideraram anti-israelita a tentativa de alguns países árabes de condenar o sionismo.

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