Jimmy Morales, um ex-comediante de TV que nunca assumiu um cargo público, chegou ao poder nas eleições presidenciais da Guatemala no domingo, após tirar proveito da indignação pública sobre um escândalo de corrupção que aprofundou a desconfiança no establishment político do país.
Morales, de 46 aos, derrotou por esmagadora maioria a sua rival de centro-esquerda, a ex-primeira dama Sandra Torres, numa votação de segunda volta, apesar da falta de experiência como governante e de algumas ideias políticas tidas como excêntricas por muitos opositores.
A sede da Frente Nacional de Convergência (FCN), de centro-direita, partido de Morales, comemorou os dados oficiais da apuração mostrando que ele havia obtido 68 por cento de apoio, numa vitória esmagadora.
Os eleitores expressaram o descontentamento generalizado com a classe política da Guatemala, agravado por uma investigação apoiada pela ONU sobre uma fraude multimilionária na alfândega, que levou no mês passado à renúncia e prisão do presidente Otto Pérez.
“Como presidente, recebi um mandato, e o mandato do povo da Guatemala é para lutar contra a corrupção que está a consumir-nos”, disse Morales, na noite de domingo.
O governo norte-americano tem apoiado fortemente os investigadores amparados pela ONU e o seu sucesso tem ajudado a pressionar contra a corrupção na América Central, onde as dificuldades económicas e a violência de gangues estimulam a emigração para os Estados Unidos da América. Não está claro como Morales irá abordar a violência das gangues ou tentar conter o fluxo de imigrantes com destino aos EUA.
Morales era um nome familiar no país por ter feito durante 14 anos uma comédia popular na TV local. De origem humilde, e definindo-se como centrista, ele cortejou o eleitorado com promessas de combater a corrupção e distribuir milhões de smartphones para crianças. No ano passado, Morales deixou o seu programa de TV, que se centrava em segmentos de piadas indecentes, para concorrer à Presidência.
Em Abril, ele mal pontuava nas pesquisas de opinião, mas logo subiu nas sondagens quando o governo de Pérez e um candidato que liderava a corrida presidencial se atolaram num escândalo de corrupção.